terça-feira, 24 de novembro de 2009

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“Cada segundo de vida me feria. (...) Eu pensava que quando nos sentimos pior, lágrimas jorrassem, mas a pior dor possível é a dor da violação total que chega depois das lágrimas já terem se exaurido” (...) Essa é a presença da depressão grave. (Andrew Solomon em “Demônio do Meio Dia” - Uma Anatomia da Depressão)

Assim o goleiro alemão entra para estatística, onde 15% dos deprimidos adotam o suicídio como a porta de saída.

Hoje pode ser um dia difícil, depois de uma noite ainda muito pior. O sabor do fracasso chega ao paladar, travestido de um amargor que nos faz tremer. As vozes internas dizem: você não pode continuar, desista de tudo, da família, dos filhos, dos sonhos, de lutar, a sua dor é grande. O poeta pergunta: O que fazer?

Não desista! “Esperei com paciência pela ajuda de Deus, o Senhor. Ele me escutou e ouviu meu pedido de socorro” (Sl 40.1 NTLH). Se você quiser gritar, grite! Se não houver voz, silencie. Tão somente, mais uma vez digo não desista.

Elias e Jó foram homens como nós, foram confrontados duramente pela angústia, mas não perderam a fé.

Viva a fé, viva a vida. Abençoado dia para você.

Edison Bezerra

Pastor na PIB Angra

www.reflexoesparahoje.com.br

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Sinais de uma igreja saudável.

Antes de tudo é necessário esclarecer que quando me refiro à "igreja saudável" não estou fazendo marketing de nenhum método de administração e crescimento de igreja. Digo isso porque, frequentemente, tenho recebido convites e propagandas sobre congressos de "igrejas saudáveis". Considero isso, por si só, uma contradição e sinal de que estas não são igrejas saudáveis, pois não me parece humilde se autoproclamar saudável, dando a entender que outras não o são, somente porque não abraçaram tais métodos. Isso é tão arrogante, pretencioso e antibíblico quanto à afirmação católico-romana de que "fora da igreja (de Roma) não há salvação". Portanto, as "igrejas saudáveis" são mais uma mostra de que nossa igreja está doente.

Por outro lado, quando penso em igreja saudável não me refiro à uma igreja sem problemas. Igreja sem problemas é a Triunfante (a que está no céu), a nossa, Militante, terá que conviver, até o final, com as idiossincrasias de nossa natureza ambivalente, portanto, com nossas virturdes e defeitos, acertos e erros.

Igreja saudável, para mim, é aquela que encontramos no início do Livro dos Atos dos Apóstolos (no Novo Testamento, Bíblia. Em razão do analfabetismo bíblico em nossos tempos, infelizmente, precisamos fazer todas estas citações). Nos capítulos 2.42-47 e também 4.32-35 temos a descrição de como viviam aqueles que aderiam à mensagem dos apóstolos. Ali está o modelo de uma igreja saudável! E isso não é utopia, pois foi possível naquele tempo e em muitas partes do mundo algumas comunidades cristãs tem revivido aquela realidade ao longo da história da igreja, inclusive em nosso tempo.

O que caracterizava a comunidade de Jerusalém como uma comunidade saudável era, portanto: 1) A permanência no ensino dos apóstolos - aqui estamos pensando em Pedro, Tiago, João, etc. É bom dizer isso porque em nossos tempos temos visto muitas "igrejas apostólicas" que pregam um evangelho diferente daquele dos apóstolos bíblicos, neo-testamentários; 2) Integração - era uma igreja que integrava e caminhava em comunhão, observando, juntos, os preceitos da celebração da Ceia do Senhor e da prática da oração comunitária; 3) Temor - havia um senso muito grande naqueles irmãos da presença de Deus. Isto fazia com que andassem em santidade de vida. Talvez o que mais tem contribuído para a decadência de nossas igrejas, seja a falta de temor à Deus; 4) Manifestações do Poder de Deus - eu não tenho nenhum problema em crer que quando a igreja vive neste ambiente exposto em Atos, o poder Deus para curar, revelar o oculto, punir os dissimulados, etc., irá se manifestar "naturalmente" e isso de maneira muito objetiva. Isso que vemos na televisão, de modo geral, é manipulação barata dos ouvintes. É psicologia de massa associada as técnicas da neurolinguística baixa e não manifestação do poder de Deus; 5) Unidade e solidariedade - aqueles irmãos possuíam um grande senso de corpo, de integridade. Entendiam que o problema de um era o problema de todos, por esta razão, procuravam suprir uns aos outros em suas necessidades. A igreja não estava procurando transformar o mundo, mas sim a vida daqueles que chegavam, que se integravam à comunidade. Por esta razão ela serviu de modelo e caía na graça do povo que a observava de fora. Que gente atraente e interessante! Assim eram percebidos pelos de fora.

Esse, para mim, é o modelo que temos que perseguir. Infelizmente, nossos valores, hoje, são de outra natureza. Queremos ser uma igreja que cresce, talvez uma mega igreja, rica, com programa na televisão e com cd gravado ao vivo. Entretanto, como está a qualidade da vida de nossa igreja, internamente? A imagem que mostramos para os outros é extremamente maquiada, mas se alguém vier nos conhecer de perto, que impressão terá de nós? Será que temos revelado a graça de Jesus como corpo?

Como pastor de uma comunidade local meu desejo não é salvar o mundo e nem mesmo a vizinhança ao redor, mas é o de tornar minha comunidade sinal de salvação para os perdidos, para todos os que estão em busca de sentido para suas vidas. Meu desejo não é ter uma igreja grande, mas uma grande igreja, tal como a dos Atos, que revele no seu viver que o Senhor está, verdadeiramente, entre nós.

Esta é uma igreja saudável!

Que nisso o Senhor nos ajude!

Pr. Marco Antonio Monteiro Wanderley

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Uma parábola sobre as igrejas.

Numa perigosa costa, onde naufrágios são frequentes, havia, certa vez, um tosco, pequeno posto de salvamento. O prédio não passava de uma cabana, e havia um só barco salva-vidas. Mesmo assim, os membros, poucos e dedicados, mantinham uma vigilância constante sobre o mar e, sem pensar em si mesmos, saíam dia e noite, procurando incansavelmente pelos perdidos. Muitas vidas foram salvas por esse maravilhoso pequeno posto, de modo que acabou ficando famoso. Algumas das pessoas que haviam sido salvas, além de várias outras residentes nos arredores, queriam associar-se ao posto e contribuir com seu tempo, dinheiro e esforço para manter o trabalho de salvamento. Novos barcos foram comprados e novas tripulações treinadas. O pequeno posto de salvamento cresceu.

Alguns membros do posto de salvamento estavam descontentes com o fato de o prédio ser tão tosco e tão parcamente equipado. Achavam que um lugar mais confortável deveria servir de primeiro refúgio aos náufragos salvos. Assim, substituíram as macas por camas e puseram uma mobília melhor no prédio, que foi aumentado. Agora, o posto de salvamento tornou-se um popular lugar de reunião para seus membros. Deram-lhe uma bela decoração e o mobiliaram com requinte, pois o usavam como uma espécie de clube. Agora, era menor o número de membros ainda interessados em sair ao mar em missões de salvamento. Assim, tripulações de barcos salva-vidas foram contratadas para fazer esse trabalho. O motivo predominante da decoração do clube ainda era o salvamento de vidas, e havia um barco salva-vidas litúrgico na sala em que eram celebradas as cerimônias de admissão ao clube. Por essa época, um grande navio naufragou ao largo da costa, e as tripulações contratadas trouxeram barcadas de pessoas com frio, molhadas e semi-afogadas. Elas estavam sujas e doentes, e algumas delas eram de pele preta ou amarela. O belo e novo clube estava um caos. Por isso, o comitê responsável pela propriedade imediatamente mandou construir um banheiro do lado de fora do clube, onde as vítimas de náufragos pudessem se limpar antes de entrar.

Na reunião seguinte, houve uma cisão entre os membros do clube. A maioria dos membros queria suspender as atividades de salvamento por serem desagradáveis e atrapalharem a vida social normal do clube. Alguns membros insistiram em que o salvamento de vidas era seu propósito primário e chamaram a atenção para o fato de que eles ainda eram chamados de “posto de salvamento”. Mas por fim estes membros foram derrotados na votação. Foi-lhes dito que, se queriam salvar as vidas de todos os vários tipos de pessoas que naufragassem naquelas águas, eles poderiam iniciar seu próprio posto de salvamento mais abaixo naquela mesma costa. E foi o que fizeram.

Com o passar dos anos, o novo posto de salvamento passou pelas mesmas transformações ocorridas no antigo. Acabou tornando-se um clube, e mais um posto de salvamento foi fundado. A história continuou a repetir-se, de modo que, quando se visita aquela costa hoje em dia, encontram-se vários clubes exclusivos ao longo da praia. Naufrágios são frequentes naquelas águas, mas a maioria das pessoas morre afogada!

Originalmente, essa parábola apareceu num artigo de Theodore O. Wedel, “Evangelism – The Mission of the Church to Those Outside Her Life” (Evangelismo – a missão da igreja para os que são de fora), em The Ecumenical Review, out. 1953, p. 24.

Esta é uma paráfrase do original, feita por Richard Wheatcroft, em Letter to the Laymen (Carta aos leigos), maio-jun. 1962, p.1.

Citado por Howard J. Clinebell, em Aconselhamento Pastoral – modelo centrado em libertação e crescimento, 1987, pp. 13-14.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Vinte anos da Queda do Muro de Berlim: evangélicos foram decisivos.


Vinte anos da Queda do Muro de Berlim: reuniões de oração em igreja evangélica foram decisivas

"Estávamos preparados para tudo. Mas não para velas e orações". A declaração foi dada pelo membro do Comitê Central da Alemanha Oriental (RDA), Horst Sindermann, pouco antes de sua morte, e referia-se à derrubada do Muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989. As reuniões de oração de uma igreja evangélica (protestante, de fato!) foram decisivas para a mobilização popular que derrubou aquela estrutura de concreto que separava o mundo. Hoje, 20 anos depois, a celebração inclui o convite à continuidade das orações, feito através da página da igreja na internet. Na Igreja de São Nicolau, os pastores destacam a necessidade de orar pelo ser humano como um todo, inserido no seu contexto social. Eles dizem: "Os nossos cultos de oração de paz continuarão! Trataremos com problemas de hoje - o apoio ao desempregado e esforços para integrar estrangeiros na nossa cidade - como tratamos com problemas no passado. As nossas intercessões e o nosso compromisso são tão necessários hoje como no pa
ssado, especialmente para as áreas críticas do mundo onde as novas guerras e os conflitos estouram constantemente".

No Brasil, talvez levados por um noticiário da mídia nacional que subestima tais fatos que exaltam a postura de uma igreja protestante num acontecimento tão importante mundialmente, os evangélicos perdem a oportunidade de espalhar esse testemunho para outras pessoas e, assim, atrair mais gente ao convívio cristão.

Na Alemanha, a igreja celebra e tem o reconhecimento da sociedade. E relembram que, além das orações, a palavra do Evangelho fez grande impacto até na vida daqueles que estavam ali para perseguir e reprimir o povo. Durante as reuniões semanais de orações pela paz que levaram o povo a derrubar o muro, com repercussões mundiais até o dia de hoje, as palavras de Jesus eram enfatizadas. Como conta o pastor da igreja, Reverendo C. Führer:

"Eu sempre apreciava que os membros da polícia secreta estavam ouvindo as bem-aventuranças bíblicas do Sermão do Monte cada segunda-feira. Onde mais eles ouviriam isso? Assim, muita gente e os membros infiltrados do governo ouviram o Evangelho de Jesus Cristo que eles não conheciam, em uma igreja onde eles não podiam fazer nada. Eles receberam as boas-novas de Jesus que disse: "abençoado são os pobres!" E não: só gente rica é feliz. Jesus disse: "ame os seus inimigos!" E não: Abaixo com o seu oponente. Jesus disse: "muitos que agora são primeiros, serão últimos!" E não: Tudo ficará sempre o mesmo. Jesus disse: "quem salvar a sua vida, a perderá; e seja quem for que perder a sua vida por amor de mim, a encontrará!" E não: Tome grande cuidado. Jesus disse: "você é o sal!" E não: Você é a nata."

As orações da paz começaram o processo que levou o povo a derrubar o muro de Berlim. Deus estava nisso! Comente isso ainda hoje com seu colega de trabalho, escola, vizinho, familiar. Flores enfeitavam a igreja de dia e velas chamavam a atenção à noite. O povo, mesmo os não-cristãos, se achegavam esperançosos e confiantes. A igreja orava. A mobilização espontânea confundia a repressão.

"O espírito de Jesus da não-violência agarrou as massas e tornou-se um poder material, pacífico. As tropas e a polícia retiraram-se. O partido e a ditadura ideológica caíram. Como diz a Bíblia: "Ele destrona os poderosos e entroniza os débeis"; "Você terá sucesso, não pelo poder militar ou pela sua própria força, mas pelo meu espírito, diz o Senhor". É o que experimentamos. Houve milhares nas igrejas. Centenas de milhares nas ruas em volta do centro da cidade. Mas nem uma janela de loja foi despedaçada. Isto foi a experiência incrível do poder da não-violência", relada o reverendo da Igreja de São Nicolau. O líder da Alemanha Oriental Sindermann não soube como reagir a velas e orações.

Lenildo Medeiros
www.soma.org.br

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Procura-se uma Igreja!

Caro pr. Marco,

Recebi um pedido de orientação de um amigo meu e irmão nosso em Cristo, o João, que estou com certa dificuldade em responder e, por isso, conto com seu apoio na tentativa de fazer o melhor.

João gostaria de participar de uma instituição religiosa onde o púlpito fosse usado para proclamar boas novas de arrependimento, transformação, vida eterna e paz ao invés de reclamar de Deus os nossos “direitos” de vitória e prosperidade.

Uma instituição religiosa em que os pastores e líderes atuam predominantemente no pastoreio do rebanho em detrimento da gestão de projetos, e não o contrário.

Onde os cultos sejam muito mais significativos e transformadores do que apenas belos espetáculos culturais. Sejam tão significativos que os jovens compreendam que cantar e tocar instrumentos musicais são apenas meios para a adoração e não a atividade fim.

Que tenha uma Escola Bíblica formadora de discípulos participativos, pensantes, que se relacionam cada vez mais e melhor com Deus e com o próximo.

Onde a palavra comunhão expressa relacionamentos verdadeiros e significativos entre os irmãos, muito além das tradicionais atividades esportivas e sociais.

Esta instituição religiosa que João procura, certamente deve ser transformadora da realidade social da comunidade onde está inserida, pois ensina esta comunidade a “pescar e vender o seu peixe”, enquanto a evangeliza.

Por falar em evangelismo, este deve estar centrado na Palavra de Deus e na dependência do Espírito Santo e não em um método infalível.

Enfim, João procura uma instituição religiosa que possa suprir as necessidades do Corpo de Cristo, a Igreja, para desempenhar a sua missão, o IDE, ao invés de consumir todas as forças deste Corpo com atividades sociais, culturais e burocráticas com pouco ou nenhum vínculo com a Verdade, leia-se, Jesus.

Ao tomar conhecimento destes requisitos, caro Marco, fiquei meditando se realmente existe alguma instituição assim deste lado da eternidade, uma vez que nós, pecadores que somos, é que as organizamos e administramos. Tendo a afirmar que não.

Por outro lado, li em algum lugar que apesar de ser impossível alcançar a perfeição deste lado da eternidade, podemos nos alegrar, pois temos condições de perseguir esta perfeição. Basta esvaziarmo-nos de nós mesmos e enchermo-nos do Espírito Santo de Deus, colocando-nos em sua total dependência.

Se souberes de alguma instituição religiosa com características pelo menos similares a estas me avise, para eu informar ao João.

Fique na Paz!

Abraços,

Nelson Singer

P.S.: O João é um personagem fictício, mas representativo do anseio de muitos de nós, cristãos.

Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. Jo 8.31,32