quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O crente pós-moderno

Reproduzo, aqui, o texto de um amigo sugerindo que eu escrevesse algo sobre o assunto abordado. Entretanto, preferi reproduzir o seu texto já que concordo com sua percepção do crente de nossos dias. O texto está sendo postado da forma como ele o enviou.inclusive com os destaques.
Obrigado, Marcos.


Marco


Uma coisa que venho pensando ultimamente, e que você quem sabe poderia escrever algo a respeito. Veio-me à mente o velho hino já não muito cantado:


Quero ser um vaso de bênção, sim um vaso de bênção dos céus...

...Para ser um vaso de bênção, é mister uma vida leal

Uma vida de fé e pureza, revestida do amor divinal.

Faze-me vaso de bênçãos, Senhor, vaso que leve a mensagem de amor

Eis-me submisso, pra Teu serviço

Tudo consagro-te agora, Senhor.


Quero ser...

Faze-me...

Eis-me submisso...

Necessário uma vida leal... de fé e pureza


O tema se situa na diferença entre o desejo pessoal do crente do passado e o desejo pessoal da multidão de crentes do presente.


Antes, os poucos crentes procuravam se desligar das coisas materiais deste mundo, tendo a consciência de que o lar permanente seria o Céu. Isso era muito "martelado" nas nossas cabeças pelos pastores, e tínhamos a consciência clara de que, para ser crente, só se fosse desta forma - era pegar ou largar!


Hoje vemos um grande número de crentes, extremamente arraigados e edificados no mundo presente, estabelecendo solidamente, o tanto quanto seus esforços lhes permitirem, o máximo de fundamentos neste mundo; diariamente ansiando preocupadamente por buscar as riquezas e os benefícios do mundo, baseados em promessas bíblicas deturpadas, tais como "devo ser rico como Abraão"; "não terei doença como o povo de Israel", "devo ser cabeça e não cauda".


Dizem que a "prosperidade", é uma "evolução" do entendimento da vida Cristã - uma nova visão -, mas note que uma verdadeira evolução da fé em direção a Deus necessariamente estiaria vinculada em um apego ainda maior e Ele, ao reino espiritual, e com um inevitável desapego cada vez mais crescente pelas coisas terrenas. Mas, pergunto, é isso o que vemos? Por causa disso, em minha opinião, o "crente" que desenvolveu esta doutrina não era nem um pouco espiritual, mas sim material e carnal. Ele amava o mundo e às suas riquezas, e procurou diligentemente conciliar este amor terreno com a sua fé cambaleante. Pendeu assim mais para o lado da sua inclinação maior, e, uma vez tendo encontrado solo fértil entre os crentes pós-modernos, temos como resultado tudo isso o que vemos por aí - o interesse geral e indiscutível pelas riquezas e o bom viver. O foco da vida Cristã parece ser este: "Sirvo a Deus, porque tenho a garantia de bênçãos nesta vida e na vida vindoura; mas esforço-me, esmurro-me e desgasto-me mais para esta vida do que para aquela".


Antes, os poucos crentes desde cedo ouviam sobre a necessidade de uma vida de fé e pureza. Isso também era "martelado" e eu pessoalmente algumas vezes vivia em conflito por não poder alcançar aquilo que tinha consciência ser essencial para uma vida de relacionamento com Deus.

Hoje, o grande número de crentes demonstra pouca preocupação com esses assuntos, ou seja, vivem de forma mundana com os mesmos hábitos dos ímpios, com a única diferença de que vão regularmente à igreja, na maioria das vezes com a intenção última de manter aberto o seu canal de bênçãos com o Deus que deve lhes prover as riquezas e o bom viver.


Antes havia a consciência de que devemos ser instrumentos para o Reino de Deus, e agora procedem como instrumentos para a implementação dos seu seu próprio reino pessoal, que se traduz em viver uma vida deleitosa neste mundo.


Enfim, os anseios espirituais foram trocados pelos anseios materiais, a visão espiritual ampla sendo cada vez mais substituída pela visão terrena míope, e isso é incentivados por muitas mensagens pastorais, pois é o tipo de mensagem que dá Ibope.


Existem os que se irritam quando ouvem os que se lamuriam de que "ontem era assim, e hoje é assado", mas qualquer um que tenha vivido as duas etapas - o passado e presente da vida Cristã - consegue ver claramente a pobreza de motivação de uma grande maioria dos crentes que abarrotam as igrejas.


Abraço


Marcos Simas Iozzi Dias

MESMO ASSIM



















As pessoas são irracionais, ilógicas e egocêntricas.
Ame-as MESMO ASSIM.

Se você tem sucesso em suas realizações,
ganhará falsos amigos e verdadeiros inimigos.
Tenha sucesso MESMO ASSIM.

O bem que você faz será esquecido amanhã.
Faça o bem MESMO ASSIM.

A honestidade e a franqueza o tornam vulnerável.
Seja honesto MESMO ASSIM.

Aquilo que você levou anos para construir,
pode ser destruído de um dia para o outro.
Construa MESMO ASSIM.

Os pobres têm verdadeiramente necessidade de ajuda,
mas alguns deles podem atacá-lo se você os ajudar.
Ajude-os MESMO ASSIM.

Se você der ao mundo e aos outros o melhor de si mesmo,
você corre o risco de se machucar.
Dê o que você tem de melhor MESMO ASSIM.

Fonte: http://blog.clickgratis.com.br/mariaclara/59600/Biografia+Madre+Teresa+de+C%E1lcuta.html

terça-feira, 29 de setembro de 2009

A igreja em que acredito e amo

Frequentemente tenho lido ou ouvido, de ilustres intelectuais, severas críticas à igreja, especialmente a evangélica, em nosso país.

Ainda que tenha de concordar com muitas destas críticas, eu mesmo as faço, o fato é que estes intelectuais são parciais e preconceituosos em suas análises, tomando por todas, as igrejas que eles conhecem pela televisão.

De fato, embora que quase totalmente cético quanto a estas e seus pastores, continuo a acreditar especialmente naquelas que, em seu anonimato e dura militância, promovem a redenção integral do homem.

Infelizmente, esta igreja evangélica que se exibe, ostensivamente, nos meios de comunicação, especialmente na televisão, está prostituída, equivocada e é quase que completamente irrelevante na construção do Reino de Deus (ainda o reino de seus líderes vá muito bem, ogrigado!).

Entretanto, a verdadeira igreja é uma instituição das que mais bem tem feito a esta nação. Em 35 anos de vida cristã engajada (tenho 45 anos), pessoalmente, não conheço nenhuma outra instituição, nem mesmo governamental, que tenha promovido tanto a dignidade humana quanto a igreja evangélica brasileira. Nem mesmo programas sociais governamentais tem promovido mudanças tão radicais na vida de indivíduos e famílias quanto o ministério da igreja.

Dos mais prepotentes, egoístas e inúteis seres humanos, cheios de auto-justiça, até àqueles marginalizados pela sociedade, dos quais esta já havia desistido, muitos tem sido transformados e tornados cidadãos úteis e frutíferos no meio em que vivem.

Pais irresponsáveis, convertidos aos seus filhos e cônjuges; famílias, destruídas por vícios e traições, transformadas e restauradas; pessoas alienadas e sem projetos de vida que passaram a sonhar e a realizar seus objetivos, abençoando a outros; indivíduos destruídos por sentimentos de inferioridade, ressentimentos, rejeição, etc., que foram curados pelo poder terapêutico da pregação saudável da Palavra de Deus e pela abundante ação social que tem promovido crescimento e desenvolvimento pessoal a milhares de indivíduos de norte a sul deste país, através de décadas.

Enfim, seria enfadonho citar aqui o quanto a igreja tem sido relevante para nossa sociedade. Entretanto, estes são exemplos genéricos, somente para situar os intelectuais honestos, ainda que não necessariamente religiosos.

Além de tudo isso, poderia falar do bem que um crente verdadeiro faz em seu ambiente de trabalho, cumprindo horários, deixando de dar prejuízos e procurando a eficácia de sua empresa, ou a bênção de um vizinho solidário e amigo, mas torna-se desnecessário, neste espaço.

Sim, senhores, nesta igreja acredito e a esta continuo amando! Uma igreja que, corporativa ou pela ação de seus membros, individualmente, reflete o caráter de seu Senhor e Mestre, Jesus de Nazaré, que não veio para ser servido, mas para servir e dar Sua vida em resgate.

domingo, 27 de setembro de 2009

Ex-presidente Carter deixa Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos



The Observer, Domingo, 12 de Julho de 2009

“Toda pessoa tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. “ (Artigo II, Declaração Universal dos Direitos Humanos)

“Desse modo não existe diferença entre judeus e não-judeus, entre escravos e pessoas livres, entre homens e mulheres: todos vocês são um só por estarem unidos com Cristo Jesus.” Gálatas 3.28

Eu tenho sido um Cristão praticante toda a minha vida e um diácono e um professor da Bíblia por muitos anos. Minha fé é uma fonte de força e conforto para mim, assim como crenças religiosas são para centenas de milhões de pessoas ao redor do mundo.

Então minha decisão de cortar meus laços com a Convenção Batista do Sul [dos Estados Unidos] depois de seis décadas foi dolorosa e difícil. Foi, contudo, uma decisão inevitável, quando os líderes da convenção, citando alguns poucos versos bíblicos selecionados cuidadosamente e reivindicando que Eva foi criada ocupando segundo lugar depois de Adão e foi responsável pelo pecado original, mandaram que mulheres sejam “subservientes” a seus maridos e proibidas de servir como diaconisas, pastoras ou capelães no serviço militar. Isto estava em conflito com minha crença – confirmada nas escrituras sagradas – de que nós todos somos iguais aos olhos de Deus.

Esta visão de que mulheres são de alguma forma inferiores aos homens não está restrita a uma religião ou crença. Está muito difundida. Mulheres são impedidas de exercer um papel total e igual em muitas fés (crenças).

Tragicamente, sua influência não pára nas paredes das igrejas, mesquitas, sinagogas ou templos. Esta discriminação, atribuída a uma Autoridade Suprema injustificadamente, proveu uma razão ou desculpa para a depravação dos direitos igualitários das mulheres ao redor do mundo por séculos. As interpretações masculinas de textos religiosos e a forma com que elas interagem e reforçam práticas tradicionais justificam alguns dos exemplos mais patentes, persistentes, flagrantes e danosos de abusos de direitos humanos.

Mais repugnante, a crença de que mulheres devem ser subjugadas aos desejos de homens escusa a escravidão, violência, prostituição forçada, mutilação genital e leis nacionais que omitem estupro como crime. Mas também custa para muitos milhões de meninas e mulheres o controle de seus próprios corpos e vidas, e continua a negar-lhes acesso justo a educação, saúde, emprego e influência dentro de suas próprias comunidades.

O impacto dessas crenças religiosas toca todos aspectos de nossas vidas. Elas ajudam a explicar porque em vários países meninos são educados antes de meninas; porque dizem às meninas quando e com quem elas devem casar; e porque muitas se deparam diante de riscos enormes e inaceitáveis na gravidez e parto porque suas necessidades básicas de saúde não são supridas.

Em algumas nações islâmicas, mulheres são restritas em seus movimentos, punidas por permitir a exposição de um braço ou tornozelo, privadas de educação, proibidas de dirigir um carro ou competir com homens para um trabalho. Se uma mulher for estuprada, ela é frequentemente punida o mais severamente possível como a parte culpada no crime.

O mesmo pensamento discriminatório está por trás da constante distância entre gêneros em salários e do motivo pelo qual ainda há tão poucas mulheres políticas na Grã-Bretanha e nos Estados Unidos. Esse preconceito está profundamente enraizado nas nossas histórias, mas seu impacto é sentido todos os dias. Não são somente mulheres e meninas que sofrem. Ele danifica todos nós. A evidência mostra que investir em mulheres e meninas produz benefícios substanciais para todos na sociedade. Uma mulher educadas tem crianças mais saudáveis. Há mais chance de ela mandá-los para a escola. Ela ganha mais e investe o que ganha na sua família.

É simplesmente uma derrota a si mesma qualquer comunidade discriminar contra metade da sua população. Nós precisamos mudar essas atitudes e práticas que servem a si próprias e antiquadas – como estamos vendo no Irã onde mulheres estão na linha de frente da batalha pela democracia e liberdade.

Eu entendo, contudo, porque muitos líderes políticos podem relutar em pisar nesse campo minado. Religião e tradição são áreas poderosas e sensíveis para desafiar.

Mas meus colegas Anciãos e eu, que viemos de várias fés e históricos, não precisamos mais nos preocuparmos com ganhar votos ou evitar controvérsias – e nós estamos profundamente comprometidos em desafiar a injustiça aonde quer que a vejamos.

Os Anciãos decidiram chamar a atenção em particular para a responsabilidade dos líderes religiosos e tradicionais de garantir igualdade e direitos humanos. Recentemente publicamos uma declaração que afirma: “A justificativa da discriminação contra mulheres e meninas baseada em religião ou tradição, como se fosse prescrita por uma Autoridade Superior, é inaceitável.”

Nós estamos conclamando todos líderes a desafiar e a mudar os ensinos e práticas danosos, não importando quão entranhados, os quais justificam a discriminação contra mulheres. Nós pedimos, em particular, que líderes de todas as religiões tenham a coragem de reconhecer e enfatizar as mensagens positivas de dignidade e igualdade que todas as grandes fés (crenças) do mundo compartilham.

Embora não tenha estudo em religião ou teologia, eu entendo que os versos cuidadosamente selecionados encontrados nas escrituras sagradas para justificar a superioridade dos homens se devem mais ao tempo e ao lugar – e à determinação de líderes masculinos que mantêm sua influência – do que a verdades eternas. Trechos bíblicos similares poderiam ser achados para apoiar a escravatura e o consentimento tímido a ditadores opressivos.

Ao mesmo tempo, estou também familiarizado com as descrições vívidas nas mesmas escrituras nas quais mulheres são reverenciadas como líderes proeminentes. Durante os anos da igreja Cristã primitiva as mulheres serviram como diaconisas, pastoras, bispas, apóstolas, professoras e profetisas. Foi só no quarto século que os líderes Cristãos dominantes, todos homens, torceram e distorceram as escrituras sagradas para perpetuar seus cargos superiores dentro da hierarquia religiosa.

Eu sei, também, que Billy Graham, um dos Cristãos mais amplamente respeitados e reverenciados durante meu tempo, não entendeu porque mulheres foram proibidas de serem pastoras e pregadoras. Ele disse: “Mulheres pregam ao redor do mundo inteiro. Não me incomoda, de acordo com meus estudos das escrituras.”

A verdade é que os líderes religiosos masculinos tiveram – e ainda têm – uma opção de interpretar os ensinos sagrados ou para exaltar ou para subjugar mulheres. Eles escolheram, para seus próprios fins egoístas, predominantemente esta.

Sua escolha contínua fornece o fundamento ou a justificativa para grande parte da perseguição dominante e do abuso de mulheres ao redor do mundo. Isto está em violação clara não somente da Declaração Universal de Direitos Humanos mas também dos ensinos de Jesus Cristo, do Apóstolo Paulo, de Moisés e dos profetas, de Maomé, e dos fundadores de outras grandes religiões – todos os quais conclamaram o tratamento próprio e igualitário de todas as crianças de Deus. Chegou a hora de termos a coragem de desafiar essas visões.

Jimmy Carter foi presidente dos Estados Unidos de 1977 a 1981. Os Anciãos (Elders) são um grupo independente de líderes globais eminentes, agrupados por Nelson Mandela, que oferecem suas influências e experiências para apoiar a construção da paz, ajudar a lidar com as principais causas de sofrimento humano e a promover interesses comuns da humanidade."

Tradução: Gustavo K-fé Frederico (exclusiva para o PavaBlog)

Fonte: Pr. Clemir Fernandes/: http://simbolodopei xe.blogspot. com/2009/ 09/ex-presidente -carter-deixa- convencao. html

http://www.guardian .co.uk/commentis free/2009/ jul/12/jimmy- carter-womens- rights-equality

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Confissões de um templo


Sou uma bela obra de arquitetura. Quando os arquitetos e engenheiros me viram pronto, resultado de sua obra, sentiram-se orgulhosos e celebraram a perenidade de suas memórias em mim já que, estavam certos, eu sobrepujaria, em muito, a expectativa de vida deles.

A primeira congregação que ali se reuniu também se alegrou e festejou. Agora eles teriam um lugar aprazível e confortável para, juntos, celebrarem o culto dominical ao Senhor.

Por meu púlpito passaram grandes pregadores e bons pastores. Também passaram outros não tão bons, mas cada um deu sua contribuição na construção de minha história.

Gerações se sucederam em meus bancos. Testemunhei casamentos, batismos, cultos fúnebres e inúmeras celebrações de ações de graças.

Com o passar dos tempos, porém, o amor que era o vínculo e força motriz daqueles encontros, foi dando lugar à tradição automatizada e fria de modo que as últimas gerações desaprenderam o prazer da comunhão e perderam o sentido de missão. Nos últimos anos alguns ainda tentaram manter minhas portas abertas, mas como seu zelo era mais instituicional, inclusive na teimosia de manter uma estrutura que não satisfazia mais as necessidades diferentes de diferentes tempos o fracasso foi inevitável e minhas portas foram fechadas, definitivamente.

Hoje não ouço mais as vozes dos cânticos e da boa exposição da Palavra de Deus. Fui adquirido por uma família para servir-lhe de residência. Por fora preservo a mesma aparência e ainda há sinais em mim do que fui no passado, de modo especial em meu interior, onde escritos e vitrais com temas bíblicos podes ser apreciados.

Entretanto, o salão de cultos foi transformado em uma bela sala de visitas e outros compartimentos adaptados para servir às várias necessidades de uma casa.


No altar de onde grandes pregadores proclamaram o evangelho já não se ouvem orações e nem sermões, mas somente os gemidos e sussuros inexprimíveis das intimidades conjugais, já que foi transformado no quarto do casal, onde repousa uma bela, espaçosa e confortável cama.

Contudo, ainda estou satisfeito, pois minhas paredes tem abrigado uma abençoada família que é, também, um projeto de Deus e, mesmo com todos os eventos de uma família, alegro-me em participar da felicidade deles.

Causa-me pesar, porém, saber que outros templos, especialmente aqui na Europa, foram transformados em mesquitas, discotecas, restaurantes, bares e outros lugares ainda menos recomendáveis.

Preocupa-me, da mesma forma, saber que este fenômeno já chegou aos EUA. Vale à pena lembrar que neste país havia, até recentemente, uma forte e crescente igreja que se expandia e possuía uma grande visão missionária. Esta realidade já começa a se alastrar e ser sentida no Brasil, onde, apesar de todo o vigor do crescimento da igreja, lamento informar, caso não haja mudança significativa: "eu sou vocês, amanhã."


A cultura do entretenimento e do barulho


Certamente eu estou ficando velho, não posso negar, mas não acho que seja resultado de minha velhice o incômodo que sinto pelo fato de tudo estar se tomando entretenimento em nossos dias.

Cerimônias como casamentos e formaturas, antes celebrações solenes, tornaram-se acontecimentos extremamente informais, onde se ouve de sussurros e pigarros irônicos a assovios, gritos e buzinas de torcidas organizadas. Especialmente os eventos de formatura estão bastante desinteressantes, pois além de longos são barulhentos e cheios de incoveniências.

Com tanto excesso de informalidade, em uma geração que não suporta a disciplina e o silêncio, nossas igrejas e cultos não poderiam deixar de ser afetados.

Assim, muitas vezes, participo e ouço de cultos que nos dão a sensação de estarmos em um jogo de futebol e não em um exercício espiritual de adoração e escuta de Deus.

Naturalmente, não estou defendendo a anulação da dimensão emocional e até mesmo das manifestações de nossa corporalidade, mas daí a transformar o culto em um show ou evento desportivo há uma grande diferença.

Nossa geração desaprendeu que "há um tempo para todo o propósito debaixo do céu" e, superficiais que somos, transformamos todo evento em festa e quando chamados à atenção, creditamos ao preconceito, ou ao odre velho, toda crítica ao nosso jeito novo de ser e fazer as coisas.

Para muitos, culto abençoado e cheio da presença do Espírito é um culto barulhento, com muita música, alta e dançante, e um pregador dinâmico, engraçado e gritador. É a "ditadura do Ratinho".

É necessário cultivar o silêncio, a instrospecção e a reverência, especialmente no culto a Deus, onde lá estamos para escutá-Lo, mais do que prá falar, muito menos prá nos divertirmos.

Entender que tudo tem o seu tempo determinado é sinal de maturidade e uma disciplina à
qual nossa geração precisa se submeter, a fim de sair deste ciclo de empobrecimento dos eventos e também para aprender a contemplar a beleza de cada momento.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Uma voz lúcida na América Latina?


















Palavras atribuídas ao Presidente Oscar Arias da Costa Rica
na Cúpula das Américas em Trinidad e Tobago, 18 de abril de 2009.

Tenho a impressão de que cada vez que os países caribenhos e latino-americanos se reúnem com o presidente dos Estados Unidos da América é para pedir-lhe ou para reclamar coisas. Quase sempre é para culpar os Estados Unidos de nossos males passados, presentes e futuros. Não creio que isso seja de todo justo.

Não podemos esquecer que a América Latina teve universidades antes de que os Estados Unidos criassem Harvard e William & Mary, que são as primeiras universidades desse país. Não podemos esquecer que nesse continente, como no mundo inteiro, pelo menos até 1750 todos os americanos eram mais ou menos iguais: todos eram pobres.

Ao aparecer a Revolução Industrial na Inglaterra, outros países sobem nesse vagão: Alemanha, França, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e aqui a Revolução Industrial passou pela América Latina como um cometa, e não nos demos conta. Certamente perdemos a oportunidade.


Há também uma diferença muito grande. Lendo a história da América Latina, comparada com a história dos Estados Unidos, compreende-se que a América Latina não teve um John Winthrop espanhol, nem português, que viesse com a Bíblia em sua mão disposto a construir uma Cidade sobre uma Colina, uma cidade que brilhasse, como foi a pretensão dos peregrinos que chegaram aos Estados Unidos.


Há 50 anos o México era mais rico que Portugal. Em 1950 o Brasil tinha uma renda per capita mais elevada que o da Coréia do Sul. Há 60 anos Honduras tinha mais riqueza per capita que Cingapura e hoje Cingapura, em questão de 35 a 40 anos, é um país com $40.000 de renda anual por habitante. Bem, algo nós fizemos mal, os latino-americanos.


Que fizemos de errado? Nem posso enumerar todas as coisas que fizemos mal. Para começar, temos uma escolaridade de 7 anos. Essa é a escolaridade média da América Latina e não é o caso da maioria dos países asiáticos. Certamente não é o caso de países como Estados Unidos e Canadá, com a melhor educação do mundo, similar a dos europeus. De cada 10 estudantes que ingressam no nível secundário na América Latina, em alguns países, só um termina o nível secundário. Há países que têm uma mortalidade infantil de 50 crianças por cada mil, quando a média nos países asiáticos mais avançados é de 8, 9 ou 10.


Nós temos países onde a carga tributária é de 12% do produto interno bruto e não é responsabilidade de ninguém, exceto nossa, que não cobremos dinheiro das pessoas mais ricas dos nossos países. Ninguém tem culpa disso a não ser nós mesmos.


Em 1950 cada cidadão norte-americano era quatro vezes mais rico que um cidadão latino-americano. Hoje em dia um cidadão norte-americano é 10, 15 ou 20 vezes mais rico que um latino-americano. Isso não é culpa dos Estados Unidos, mas nossa.


No meu pronunciamento desta manhã me referi a um fato que para mim é grotesco e que somente demonstra que o sistema de valores do século XX, que parece ser o que estamos pondo em prática também no século XXI, é um sistema de valores equivocado. Porque não pode ser que o mundo rico dedique 100.000 milhões de dólares para aliviar a pobreza dos 80% da população do mundo "num planeta que tem 2.5 milhões de seres humanos com uma renda de $2 por dia e que gaste 13 vezes mais em armas e soldados.


Como disse esta manhã não pode ser que a América Latina gaste $50.000 milhões em armas e soldados. Eu me pergunto: quem é o nosso inimigo? Nosso inimigo, presidente Correa, desta desigualdade que o Sr. aponta com muita razão, é a falta de educação; é o analfabetismo; é que não gastamos na saúde de nosso povo; que não criamos a infra-estruturar necessária, os caminhos, as estradas, os portos, os aeroportos; que não estamos dedicando os recursos necessários para deter a degradação do meio ambiente; é a desigualdade que temos que nos envergonhar realmente; é produto, entre muitas outras coisas, certamente, de que não estamos educando nossos filhos e nossas filhas.


Vá alguém à uma universidade latino-americana e terá a impressão que estamos nos anos sessenta, setenta ou oitenta. Parece que nos esquecemos de que em 9 de novembro de 1989 aconteceu algo de muito importante, ao cair o Muro de Berlim, e que o mundo mudou. Temos que aceitar que este é um mundo diferente, e nisso francamente penso que os acadêmicos, que toda gente pensante, que todos os economistas, que todos os historiadores, quase concordam que o século XXI é um século dos asiáticos não dos latino-americanos. E eu, lamentavelmente, concordo com eles. Porque enquanto nós continuamos discutindo sobre ideologias, continuamos discutindo sobre todos os "ismos" (qual é o melhor? capitalismo, socialismo, comunismo, liberalismo, neoliberalismo, social-cristianismo, etc.) os asiáticos encontraram um "ismo" muito realista para o século XXI e o final do século XX, que é o "pragmatismo".

Para só citar um exemplo, recordemos que quando Deng Xiaoping visitou Cingapura e a Coréia do Sul, depois de ter-se dado conta de que seus próprios vizinhos estavam enriquecendo de uma maneira muito acelerada, regressou a Pequim e disse aos velhos camaradas maoístas que o haviam acompanhado na Grande Marcha: "Bem, a verdade, queridos camaradas, é que a mim não importa se o gato é branco ou negro, só o que me interessa é que cace ratos". E se Mao estivesse vivo, teria morrido de novo quando disse que "a verdade é que enriquecer é glorioso". E enquanto os chineses fazem isso, e desde 1979 até hoje crescem a 11%, 12% ou 13%, e tiraram 300 milhões de habitantes da pobreza, nós continuamos discutindo sobre ideologias que devíamos ter enterrado há muito tempo atrás.


A boa notícia é que isto Deng Xiaoping o conseguiu quando tinha 74 anos. Olhando em volta, queridos presidentes, não vejo ninguém que esteja perto dos 74 anos. Por isso só lhes peço que não esperemos completá-los para fazer as mudanças que temos que fazer.

Muchas gracias.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Os críticos e invejosos profetas do Antigo Testamento

Estabeleceu-se, nestes nossos tempos, que a crítica é má, por definição, e quem as faz está sempre movido por sentimentos de inveja, despeito e recalque, pois o crítico é incapaz de realizações, vivendo para criticar as conquistas dos outros.

Por esta razão, estou fazendo uma releitura dos profetas no Antigo Testamento e percebi-os, a todos, um monte de invejosos e despeitados. Só para dar alguns exemplos, começando por Isaías, já no primeiro capítulo do Livro que traz o seu nome, o profeta do século VIII a. C., faz severas críticas aos religiosos e políticos de sua época (cf. Is 1.10-23); contra os latifundiários (cf. 5.8) e a religião da forma (29.13; 58.6-7).

No mesmo espírito Jeremias (Sec. VI a.C.) faz severas críticas aos seus colegas profetas, aos sacerdotes e ao próprio povo (cf. Jr 5.30-31; 6.14; 7.1-15; 14.13-16). A palavra contra os profetas consiste do fato de profetizarem o que o povo e o governo queriam ouvir e não aquilo que eles precisavam ouvir. Parece que era a única voz contrária naquele crítico momento da história do Reino do Sul, Judá.

Oséias, profeta do norte (Israel), também no Sec. VIII a. C. vira sua "metralhadora giratória" contra a religião, os sacerdotes e o próprio povo e faz duríssimas críticas a estes no quarto capítulo do Livro que leva seu nome. O mesmo conteúdo podemos encontrar na pregação de Amós e Miquéias seus contemporâneos do sul (Judá).

Enfim, a lista é ainda mais vasta. Como não lembrar do velho e desconhecido profeta Micaías? Este, contrariando a todos os profetas da corte de Acabe, rei de Israel, prevê a tragédia na qual o insensato rei cairá. O próprio Acabe se refere ao profeta como o que "nunca profetiza de mim o que é bom, mas somente o que é mau" (cf. I Rs 22.5-23).

Concluindo, até porque isso não é uma dissertação de mestrado, mesmo diante desta nova leitura dos profetas vétero testamentários, prefiro a companhia deles e, naturalmente, a antiga leitura que entendíamos falarem da parte de Deus. Lamentavelmente, esta turma quase nunca é ouvida e somente depois da tragédia é que se percebe que falavam da parte de Deus.

Seria muito bom que nossos líderes dessem ouvidos àqueles profetas e aos que seguem, hoje, seus passos. Homens e mulheres que não aparecem, não mesmo, nos programas evangélicos das emissoras de televisão, não frequentam os "palácios eclesiásticos" nunca se tornarão presidentes de convenções denominacionais, cardeais ou papas e, muito menos, nunca enriquecerão com a pregação da Palavra de Deus.

Estes profetas são chamados para nos exortar a corrigirmos nossos caminhos, voltarmos para Deus e para a simplicidade de Sua religião que se traduz na solidariedade e amor ao próximo, principalmente, e não em um culto efusivo, mas vazio de significado e sem repercussão prática na vida de seus adoradores.

Lembrem-se: "Eles tem Moisés e os profetas; ouçam-nos" (Lc 16.29).

Benditos os que, humildemente, se deixarem corrigir por eles!



terça-feira, 1 de setembro de 2009

Procurando uma igreja por motivos certos

Frequentemente ouço pessoas darem testemunho dos motivos que às levaram a filiarem-se a determinada igreja e, na maioria das vezes, as razões são de ordem prática, "mágicas", estéticas e, muitas vezes, pela projeção de seu pastor. Falam com paixão de suas comunidades, mas mantém um vínculo superficial com as mesmas, não passando de meros frequentadores-expectadores.

Por esta razão nas primeiras decepções saem em busca de outra igreja que se enquadre nos seus gostos e conceitos. E, por estranho que pareça, não necessariamente "da mesma fé e ordem", pois não se preocupam com questões doutrinárias e teológicas, muito menos estão em busca do Corpo de Cristo para dele participar. Na verdade, estão à procura de um clube social onde encontrem conforto, boa música, gente bonita, simpática e ...um pastor engraçado e carismático.

Penso que os melhores motivos para procurarmos uma igreja deveriam ser norteados pelo conceito de igreja que a Bíblia nos dá e pelo desejo de servir à causa. Assim, como prioridade número um, deveriamos prucurar uma igreja à qual servíssemos e não uma que nos servisse. A partir deste, listo alguns outros aspectos importantes na escolha de uma igreja:

- Ensino, liturgia e ação bíblicos e cristocêntricos
- Afetividade, comunhão e capacidade de integrar novas pessoas
- Vibrante, mas não superficial
- Consciente e atuante em sua missão integral

Enfim, não pretendo esgotar a lista aqui, mas estas são características fundamentais na escolha de uma igreja.

Se você ainda não encontrou a sua, busque em oração, mas procure identificar estas qualidades em sua nova igreja.