terça-feira, 8 de setembro de 2009

Os críticos e invejosos profetas do Antigo Testamento

Estabeleceu-se, nestes nossos tempos, que a crítica é má, por definição, e quem as faz está sempre movido por sentimentos de inveja, despeito e recalque, pois o crítico é incapaz de realizações, vivendo para criticar as conquistas dos outros.

Por esta razão, estou fazendo uma releitura dos profetas no Antigo Testamento e percebi-os, a todos, um monte de invejosos e despeitados. Só para dar alguns exemplos, começando por Isaías, já no primeiro capítulo do Livro que traz o seu nome, o profeta do século VIII a. C., faz severas críticas aos religiosos e políticos de sua época (cf. Is 1.10-23); contra os latifundiários (cf. 5.8) e a religião da forma (29.13; 58.6-7).

No mesmo espírito Jeremias (Sec. VI a.C.) faz severas críticas aos seus colegas profetas, aos sacerdotes e ao próprio povo (cf. Jr 5.30-31; 6.14; 7.1-15; 14.13-16). A palavra contra os profetas consiste do fato de profetizarem o que o povo e o governo queriam ouvir e não aquilo que eles precisavam ouvir. Parece que era a única voz contrária naquele crítico momento da história do Reino do Sul, Judá.

Oséias, profeta do norte (Israel), também no Sec. VIII a. C. vira sua "metralhadora giratória" contra a religião, os sacerdotes e o próprio povo e faz duríssimas críticas a estes no quarto capítulo do Livro que leva seu nome. O mesmo conteúdo podemos encontrar na pregação de Amós e Miquéias seus contemporâneos do sul (Judá).

Enfim, a lista é ainda mais vasta. Como não lembrar do velho e desconhecido profeta Micaías? Este, contrariando a todos os profetas da corte de Acabe, rei de Israel, prevê a tragédia na qual o insensato rei cairá. O próprio Acabe se refere ao profeta como o que "nunca profetiza de mim o que é bom, mas somente o que é mau" (cf. I Rs 22.5-23).

Concluindo, até porque isso não é uma dissertação de mestrado, mesmo diante desta nova leitura dos profetas vétero testamentários, prefiro a companhia deles e, naturalmente, a antiga leitura que entendíamos falarem da parte de Deus. Lamentavelmente, esta turma quase nunca é ouvida e somente depois da tragédia é que se percebe que falavam da parte de Deus.

Seria muito bom que nossos líderes dessem ouvidos àqueles profetas e aos que seguem, hoje, seus passos. Homens e mulheres que não aparecem, não mesmo, nos programas evangélicos das emissoras de televisão, não frequentam os "palácios eclesiásticos" nunca se tornarão presidentes de convenções denominacionais, cardeais ou papas e, muito menos, nunca enriquecerão com a pregação da Palavra de Deus.

Estes profetas são chamados para nos exortar a corrigirmos nossos caminhos, voltarmos para Deus e para a simplicidade de Sua religião que se traduz na solidariedade e amor ao próximo, principalmente, e não em um culto efusivo, mas vazio de significado e sem repercussão prática na vida de seus adoradores.

Lembrem-se: "Eles tem Moisés e os profetas; ouçam-nos" (Lc 16.29).

Benditos os que, humildemente, se deixarem corrigir por eles!



8 comentários:

  1. Graça e Paz profº Marco,

    Que palavra motivadora!

    Esquecem os "ungidos" que a indignação que sentimos, contra os erros cometidos por eles, é virtude, e a Reforma Protestante só se deu por que houveram homens que resolveram contestar e protestar contra tudo aquilo que era contrário ao genuíno Evangelho.

    Parabéns pela reflexão,

    Junior

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  2. Muito bom, Marco, a maneira clara e objetiva como você esclarece a palavra de Deus e a relaciona com a atulidade.
    Fico feliz por sua iniciativa, por seu espírito jobiano. Infelizmente, poucos líderes possuem essa compreensão. Mas, graças a Deus, ainda restam uns poucos que se engajam nessa causa.

    Um abraço,
    Aline Cristine

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  3. A Paz, Pr Marco

    Louvo a Deus por ter pessoas como o Senhor, que com olhares críticos e disposição de expor suas idéias sem querer que outras simplesmente as aceitem, encorajando-nos assim a fazer com que possamos refletir cada vez mais a palavra do Senhor.

    Um Bom final de semana

    Renato Martins

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  4. Um crítico raciocina. Reflete. Analisa. Tudo isso são coisas em desuso agora.

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  5. Oi, Pr. Marco. Finalmente! Embora atrasado, estou no blog.
    Entendo de fato que hoje temos os "críticos" e os críticos. Os "críticos" que querem de qualquer modo manter seu modelo sem receber críticas dos críticos. Os críticos procurando o bem comum e a manutenção da verdade, têm uma visão antagônica a dos "críticos". Surge naturalmente uma oposição não aceita pelo modelo corrente e com isso perde-se a oportunidade de um real crescimento e de melhoria do todo que se almeja. Se os "críticos" fossem sábios, receberiam as críticas (dos críticos) para se tornarem mais sábios ainda. Porém, o que se vê, é uma discriminação burra não somente às críticas, mas aos críticos de boa vontade, apartando-os para não impedirem o curso de interesses muitas vezes pessoais dos "críticos". Em tudo isso, como outrora relatastes com prova histórica, quem perde perde é o reino e todos quantos não deram atenção à voz que clama no deserto.
    Parabéns pelo Blog. Um abração forte do amigo e irmão.

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  6. Quando li seu artigo tomei um susto e considerei que algo que escrevo tivesse sido lido por você. Mas percebi que há outros que escrevem e melhor sobre o que tenho sido instado a escrever.
    Dc. Henri - membro da OBBH.

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  7. Pois é, meu caro Henri. Não somente nós dois, mas muitos ainda pensam da mesma forma. Talvez eles não estejam na televisão ou nos meios de comunicação de modo geral, mas procuram perservar, em seu anonimato, a fé verdadeiramente evangélica.

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