sábado, 9 de janeiro de 2010

No momento, não é permitido sequer sonhar. Talvez daí provenha a angústia: não poder sonhar!

Dizem que os sonhos nos alimentam. Nos encorajam.

A vontade de concretizá-los, unida a esperança de que se realizem faz-nos querer viver o amanhã.

Como pensar em amanhã quando já sabemos o que nos espera? O amanhã já virou ontem. E ontem...esse filme já passou?

Pois é... não falo dos sonhos naturais que todos podem ter à vontade: sucesso, saúde, família.... Falo daqueles que não podemos sequer mencionar.

Que ficam ali, escondidos de tudo e de todos.

Tão absurdos que não temos coragem nem mesmo de pensá-los no silêncio da noite, quando todos dormem e ninguém pode ouvir ou ver.

Não se pode fazer do outro a razão da existência.

Nem dos sonhos.

Pode-se ocupar o vazio deixado por eles com todas as outras coisas com as quais todos os mortais ocupam a vida, mas eles continuarão ali,

Escondidos, desgarrados, solitários, excluídos. E fingimos que aquilo nunca foi sonhado, nunca aconteceu.

Até que um dia, quando não mais existirmos, os levemos conosco para a paz da inexistência.

Texto de Janaína R. Pires

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