sexta-feira, 18 de setembro de 2009

A cultura do entretenimento e do barulho


Certamente eu estou ficando velho, não posso negar, mas não acho que seja resultado de minha velhice o incômodo que sinto pelo fato de tudo estar se tomando entretenimento em nossos dias.

Cerimônias como casamentos e formaturas, antes celebrações solenes, tornaram-se acontecimentos extremamente informais, onde se ouve de sussurros e pigarros irônicos a assovios, gritos e buzinas de torcidas organizadas. Especialmente os eventos de formatura estão bastante desinteressantes, pois além de longos são barulhentos e cheios de incoveniências.

Com tanto excesso de informalidade, em uma geração que não suporta a disciplina e o silêncio, nossas igrejas e cultos não poderiam deixar de ser afetados.

Assim, muitas vezes, participo e ouço de cultos que nos dão a sensação de estarmos em um jogo de futebol e não em um exercício espiritual de adoração e escuta de Deus.

Naturalmente, não estou defendendo a anulação da dimensão emocional e até mesmo das manifestações de nossa corporalidade, mas daí a transformar o culto em um show ou evento desportivo há uma grande diferença.

Nossa geração desaprendeu que "há um tempo para todo o propósito debaixo do céu" e, superficiais que somos, transformamos todo evento em festa e quando chamados à atenção, creditamos ao preconceito, ou ao odre velho, toda crítica ao nosso jeito novo de ser e fazer as coisas.

Para muitos, culto abençoado e cheio da presença do Espírito é um culto barulhento, com muita música, alta e dançante, e um pregador dinâmico, engraçado e gritador. É a "ditadura do Ratinho".

É necessário cultivar o silêncio, a instrospecção e a reverência, especialmente no culto a Deus, onde lá estamos para escutá-Lo, mais do que prá falar, muito menos prá nos divertirmos.

Entender que tudo tem o seu tempo determinado é sinal de maturidade e uma disciplina à
qual nossa geração precisa se submeter, a fim de sair deste ciclo de empobrecimento dos eventos e também para aprender a contemplar a beleza de cada momento.

Um comentário:

  1. Pastor,
    Acabei de ler seu texto e recordei-me de certa vez em que comentei com uma "irmã" que estava frequentando a IBE e ela interpelou-me perguntando: "É Igreja Batista ? Mas é Renovada né ?".
    Fiquei tentando entender qual seria a relevância dessa informação e, curioso, decidi perguntar o motivo da indagação. "É que Igreja Batista é chata. Só toca música velha e os cultos são desanimados. A Renovada até que é melhor".
    Não vivi muitos anos dentro de igrejas evangélicas mas tive oportunidade de conhecer algumas "denominações" e posso assegurar que, para um sujeito acostumado anteriormente à frequentar shows de Rock & Roll, me senti bastante à vontade e rapidamente assimilei a cultura dos pastores-estrelas e mega-cultos com astros da música gospel ( até essa palavra gospel ganhou um ar "moderno" !).
    Claro que os defensores dessa filosofia logo dirão que "a igreja precisa se modernizar para falar às novas gerações" ou então simplesmente que " a igreja precisa saber usar armas eficazes para continuar falando aos jovens". Porém me pergunto, não está a igreja evangélica vendendo sua alma ao diabo ? Não chegará um momento em que aqueles que se refugiaram nas igrejas evangélicas procurando novidade de vida perceberão que pouca diferença há entre o lado de dentro e o lado de fora delas ? Entre o que é "do mundo" e o que não é ?
    Então, eu, acostumado com mega-shows de Rock, já saí no meio de um culto por não aguentar o alto nível de decibéis produzidos pelo pastor e pelo corpo de louvor da igreja durante a "adoração".
    Um abraço,
    Caio.

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