quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Com tempero e com coragem!

2009 foi um ano como qualquer um outro: muitas lutas, mas chegamos ao final contabilizando mais vitórias do que derrotas.

O vento soprou fortemente, mas a casa não caiu e saímos da tempestade mais fortalecidos e esperançosos.

Também em relação à vida de cada um de vocês sei que não foi diferente.

Lutas por fora, angústias por dentro, mas em tudo Deus sustentou a sua vida e você chegou ao final de mais um ano.

2010 também não será diferente. Todos teremos lutas, alegrias e tristezas, pois são "temperos" normais da nossa existência.

Provados à parte, alguns destes "temperos" podem ser de gosto desagradável, mas no conjunto do prato, pronta a refeição (com uma pitada de pimenta), faz um todo saboroso e nutritivo.

Recebamos este novo ano com a atitude esperançosa de vitoriosos em Cristo Jesus, não com a mentalidade infantil de nutrirmos expectativas de que tudo será bom, mas com a maturidade de homens e mulheres adultos que integram os acontecimentos da vida e os vêem no todo, com fé, sabendo que "todas as coisas contribuem para o bem dos que amam a Deus, dos que são chamados segundo o Seu propósito".

Que o Senhor nos sustente e nos dê coragem!

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Judeus de seis braços!

Segunda-feira à noite, em Barcelona. No restaurante, uma centena de advogados e juízes. Eles se encontraram para ouvir minhas opiniões sobre o conflito do Oriente Médio. Eles sabem que eu sou um barco heterodoxo, no naufrágio do pensamento único, que reina em meu país, sobre Israel. Eles querem me escutar. Alguém razoável como eu, dizem, por que se arrisca a perder a credibilidade, defendendo os maus, os culpados? Eu lhes falo que a verdade é um espelho quebrado, e que todos nós temos algum fragmento. E eu provoco sua reação: “todos vocês se sentem especialistas em política internacional, quando se fala de Israel, mas na realidade não sabem nada. Será que se atreveriam a falar do conflito de Ruanda, da Cachemira, da Chechenia?”. Não. São juristas, sua área de atuação não é a geopolítica. Mas com Israel se atrevem a dar opiniões. Todo mundo se atreve. Por que? Porque Israel está sob a lupa midiática permanente e sua imagem distorcida contamina os cérebros do mundo. E, porque faz parte da coisa politicamente correta, porque parece solidariedade humana, porque é grátis falar contra Israel. E, deste modo, pessoas cultas, quando lêem sobre Israel estão dispostas a acreditar que os judeus têm seis braços, como na Idade Média, elas acreditavam em todo tipo de barbaridades. Sobre os judeus do passado e os israelenses de hoje, vale tudo.

A primeira pergunta é, portanto, por que tanta gente inteligente, quando fala sobre Israel, se torna idiota. O problema que temos, nós que não demonizamos Israel, é que não existe debate sobre o conflito, existe rótulo; não se troca idéias, adere-se a slogans; não desfrutamos de informações sérias, nós sofremos de jornalismo tipo hambúrguer, fast food, cheio de preconceitos, propaganda e simplismo.

O pensamento intelectual e o jornalismo internacional renunciaram a Israel. Não existem. É por isso que, quando se tenta ir mais além do pensamento único, passa-se a ser o suspeito, o não solidário e o reacionário, e o imediatamente segregado. Por que? Eu tento responder a esta pergunta há anos: por que? Por que de todos os conflitos do mundo, só este interessa? Por que se criminaliza um pequeno país, que luta por sua sobrevivência? Por que triunfa a mentira e a manipulação informativa, com tanta facilidade? Por que tudo é reduzido a uma simples massa de imperialistas assassinos? Por que as razões de Israel nunca existem? Por que as culpas palestinas nunca existem? Por que Arafat é um herói e Sharon um monstro? Em definitivo, por que, sendo o único país do mundo ameaçado com a destruição é o único que ninguém considera como vítima?

Eu não acredito que exista uma única resposta a estas perguntas. Da mesma forma que é impossível explicar a maldade histórica do antissemitismo completamente, também não é possível explicar a imbecilidade atual do preconceito anti-Israel. Ambos bebem das fontes da intolerância, da mentira e do preconceito. Se, além disso, nós aceitarmos que ser anti-Israel é a nova forma de ser antissemita, concluímos que mudaram as circunstâncias, mas se mantiveram intactos os mitos mais profundos, tanto do antissemitismo cristão medieval, como do antissemitismo político moderno. E esses mitos desembocam no que se fala sobre Israel.

Por exemplo, o judeu medieval que matava as crianças cristãs para beber seu sangue, se conecta diretamente com o judeu israelense que mata as crianças palestinas para ficar com suas terras. Sempre são crianças inocentes e judeus de intenções obscuras. Por exemplo, a idéia de que os banqueiros judeus, queriam dominar o mundo através dos bancos europeus, de acordo com o mito dos Protocolos (dos Sábios de Sião), conecta-se diretamente com a idéia de que os judeus de Wall Street dominam o mundo através da Casa Branca. O domínio da imprensa, o domínio das finanças, a conspiração universal, tudo aquilo que se configurou no ódio histórico aos judeus, desemboca hoje no ódio aos israelenses. No subconsciente, portanto, fala o DNA antissemita ocidental, que cria um eficaz caldo de cultura. Mas, o que fala o consciente? Por que hoje surge com tanto virulência uma intolerância renovada, agora centrada, não no povo judeu, mas no estado judeu? Do meu ponto de vista, há motivos históricos e geopolíticos, entre outros o sangrento papel soviético durante décadas, os interesses árabes, o anti-americanismo europeu, a dependência energética do Ocidente e o crescente fenômeno islâmico. Mas também surge de um conjunto de derrotas que nós sofremos como sociedades livres e que desemboca em um forte relativismo ético.

Derrota moral da esquerda. Durante décadas, a esquerda ergueu a bandeira da liberdade, onde houvesse injustiça, e foi a depositária das esperanças utópicas da sociedade. Foi a grande construtora do futuro. Apesar da maldade assassina do stalinismo ter afundado essas utopias e ter deixado a esquerda como o rei que estava nu, despojado de trajes, ela conservou intacta sua auréola de lutadora, e ainda dita as regras do que é bom e ruim no mundo. Até mesmo aqueles que nunca votariam em posições de esquerda, concedem um grande prestígio aos intelectuais de esquerda, e permitem que sejam eles os que monopolizam o conceito de solidariedade. Como fizeram sempre. Deste modo, os que lutavam contra Pinochet, era os lutadores pela liberdade, mas as vítimas de Castro são expulsas do paraíso dos heróis e transformadas em agentes da CIA, ou em fascistas disfarçados. Eu me lembro, perfeitamente, como, quando era jovem, na Universidade combativa da Espanha de Franco, ler Solzhenitsyn era um horror… E deste modo, o homem que começou a gritar contra o buraco negro do Gulag stalinista, não pôde ser lido pelos lutadores anti-franquistas, porque não existiam as ditaduras de esquerda, nem as vítimas que as combatiam.

Essa traição histórica da liberdade, se reproduz no momento atual, com precisão matemática. Também hoje, como ontem, essa esquerda perdoa ideologias totalitárias, se apaixona por ditadores e, em sua ofensiva contra Israel, ignora a destruição de direitos fundamentais. Odeia os rabinos, mas se apaixona pelos imams; grita contra o Tzahal (Exército israelense), mas aplaude os terroristas do Hamas; chora pelas vítimas palestinas, mas rejeita as vítimas judias; e, quando se comove pelas crianças palestinas, só o faz se puder acusar os israelenses. Nunca denunciará a cultura do ódio, ou sua preparação para a morte, ou a escravidão que suas mães sofrem. E enquanto iça a bandeira da Palestina, queima a bandeira de Israel. Um ano atrás, eu fiz as seguintes perguntas no Congresso do AIPAC (Comitê de Assuntos Públicos EUA-Israel) em Washington: “Que profundas patologias alijam a esquerda de seu compromisso moral? Por que nós não vemos manifestações em Paris, ou em Barcelona, contra as ditaduras islâmicas? Por que não há manifestações contra a escravidão de milhões de mulheres muçulmanas? Por que eles não se manifestam contra o uso de crianças-bomba, nos conflitos onde o Islã está envolvido? Por que a esquerda só está obcecada em lutar contra duas das democracias mais sólidas do planeta, e as que sofreram os ataques mais sangrentos, os Estados Unidos e Israel?”… Porque a esquerda, que sonhou utopias, parou de sonhar, quebrada no muro de Berlim do seu próprio fracasso. Já não tem idéias, e sim slogans. Já não defende direitos, mas preconceitos. E o preconceito maior de todos é o que tem contra Israel. Eu acuso, portanto, de forma clara: a principal responsabilidade pelo novo ódio antissemita, disfarçada de posições anti-Israel, provém desses que deveriam defender a liberdade, a solidariedade e o progresso. Longe disto, eles defendem os déspotas, esquecem suas vítimas e permanecem calados perante as ideologias medievais que querem destruir a civilização. A traição da esquerda é uma autêntica traição à modernidade.

Derrota do jornalismo. Temos um mundo mais informado do que nunca, mas nós não temos um mundo melhor informado. Pelo contrário, os caminhos da informação mundial nos conectam com qualquer ponto do planeta, mas eles não nos conectam nem com a verdade, nem com os fatos. Os jornalistas atuais não precisam de mapas, porque têm o Google Earth, eles não precisam saber história, porque têm a Wikipedia. Os jornalistas históricos que conheciam as raízes de um conflito, ainda existem, mas são espécies em extinção, devorados por este jornalismo tipo hambúrguer, que oferece fast food de notícias, para leitores que querem fast food de informação. Israel é o lugar mais vigiado do mundo e, ainda assim, o lugar menos compreendido do mundo. Claro que, também influencia a pressão dos grandes lobbys dos petrodólares, cuja influência no jornalismo é sutil, mas profunda. Qualquer mídia sabe que se falar contra Israel não terá problemas. Mas, o que acontecerá se criticar um país islâmico? Sem dúvida, então, sua vida ficará complicada. Não nos confundamos. Parte da imprensa, que escreve contra Israel, se veria refletida na frase afiada de Goethe: “ninguém é mais escravo do que aquele que se acha livre, sem sê-lo”. Ou também em outra, mais cínica de Mark Twain: “conheça primeiro os fatos e logo os distorça quanto quiser”.

Derrota do pensamento crítico. A tudo isto, é necessário somar o relativismo ético, que define o momento atual, e que é baseado, não na negação dos valores da civilização, mas na sua banalização. O que é a modernidade? Pessoalmente a explico com este pequeno relato: se eu me perdesse em uma ilha deserta, e quisesse voltar a fundar uma sociedade democrática, só necessitaria de três livros: as Tábuas da Lei, que estabeleceram o primeiro código de comportamento da modernidade. “O não matarás, não roubarás,…” fundou a civilização moderna. O código penal romano. E a Declaração dos Direitos Humanos. E com estes três textos, começaríamos novamente. Estes princípios que nos endossam como sociedade, são relativizados, até mesmo por aqueles que dizem defendê-los. “Não matarás”…, depende de quem seja o objeto…, pensam aqueles que, por exemplo, em Barcelona, se manifestam aos gritos a favor do Hamas. “Vivam os direitos humanos”…, depende de a quem se aplica, e por isso milhões de mulheres escravas não preocupam. “Não mentirás”…, depende se a informação for uma arma de guerra a favor de uma causa. A massa crítica social se afinou e, ao mesmo tempo, o dogmatismo ideológico engordou. Nesta dupla mudança de direção, os fortes valores da modernidade foram substituídos por um pensamento fraco, vulnerável à manipulação e ao maniqueísmo.

Derrota da ONU. E com ela, uma firme derrota dos organismos internacionais, que deveriam cuidar dos direitos humanos, e que se tornaram bonecos destroçados nas mãos de déspotas. A ONU só serve para que islamofascistas, como Ahmadinejad, ou demagogos perigosos, como Hugo Chávez, tenham um palco planetário de onde cuspir seu ódio. E, claro, para atacar Israel sistematicamente. A ONU, também, vive melhor contra Israel.

Finalmente, derrota do Islã. O Islã das luzes sofre hoje o ataque violento de um vírus totalitário ,que tenta frear seu desenvolvimento ético. Este vírus usa o nome de D’us para perpetrar os horrores mais inimagináveis: apedrejar mulheres, escravizá-las, usar grávidas e jovens com atraso mental como bombas humanas, educar para o ódio, e declarar guerra à liberdade. Não esqueçamos, por exemplo, que nos matam com celulares conectados, via satélite,… com a Idade Média… Se o stalinismo destruiu a esquerda, e o nazismo destruiu a Europa, o fundamentalismo islâmico está destruindo o Islã. E também tem, como as outras ideologias totalitárias, um DNA antissemita. Talvez o antissemitismo islâmico seja o fenômeno intolerante mais sério da atualidade, e não em vão afeta mais de 1.300 milhões de pessoas educadas, maciçamente, no ódio ao judeu.

Na encruzilhada destas derrotas, se encontra Israel. Órfão de uma esquerda razoável, órfão de um jornalismo sério e de uma ONU digno, e órfão de um Islã tolerante, o Estado de Israel sofre com o paradigma violento do século XXI: a falta de compromisso sólido com os valores da liberdade. Nada é estranho. A cultura judaica encarna, como nenhuma outra, a metáfora de um conceito de civilização que hoje sofre ataques por todos os flancos. Vocês são o termômetro da saúde do mundo. Sempre que o mundo teve febre totalitária, vocês sofreram. Na Idade Média espanhola, nas perseguições cristãs, nos progroms russos, no fascismo europeu, no fundamentalismo islâmico. Sempre, o primeiro inimigo do totalitarismo foi o judeu. E nestes tempos de dependência energética e confusão social, Israel encarna, em própria carne, o judeu de sempre.

Um pária de nação entre as nações, para um povo pária entre os povos. É por isso que o antissemitismo do século de XXI foi vestido com o disfarce efetivo da crítica anti-Israel. Toda crítica contra Israel é antissemita? Não. Mas, todo o antissemitismo atual transformou-se no preconceito e na demonização contra o Estado Judeu. Um vestido novo para um ódio antigo. Benjamim Franklin disse: “onde mora a liberdade, lá é a minha pátria”. E Albert Einstein acrescentou: “a vida é muito perigosa. Não pelas pessoas que fazem o mal, mas por aquelas que ficam sentadas vendo isso acontecer”. Este é o duplo compromisso aqui e hoje: nunca se sentar vendo o mal passar e defender sempre as pátrias da liberdade.

Texto de Pilar Rahola, jornalista cristã espanhola

Tradução: Irene Walda Heynemann

Símbolos Religiosos nas repartições públicas do Estado de SP

Sou Padre católico e concordo plenamente com o Ministério Público de São Paulo, por querer retirar os símbolos religiosos das repartições públicas. Nosso Estado é laico e não deve favorecer esta ou aquela religião. A Cruz deve ser retirada!!!

Nunca gostei de ver a Cruz em tribunais, onde os pobres têm menos direitos que os ricos e onde sentenças são vendidas e compradas...

Não quero ver a Cruz nas Câmaras legislativas, onde a corrupção é a moeda mais forte...

Não quero ver a Cruz em delegacias, cadeias e quartéis, onde os pequenos são constrangidos e torturados...

Não quero ver a Cruz em prontos-socorros e hospitais, onde pessoas (pobres) morrem sem atendimento...

É preciso retirar a Cruz das repartições públicas, porque Cristo não abençoa a sórdida política brasileira, causa da desgraça dos pequenos e pobres.”

Frade Demetrius dos Santos Silva - São Paulo/SP

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Feliz 2010

Por incrível que pareça mais um ano se passou e nos impressiona o quanto nossa sensação de que o tempo corre velozmente aumenta a cada dia. Já sabemos, de antemão, que o três primeiros meses deste novo ano "voarão". Logo estaremos no Carnaval e na Semana Santa.

Para agravar, teremos Copa do Mundo e, portanto, será mais um ano "veloz". Aliás, para nós aqui no Rio, pelo menos, essa sensação será cada vez maior em razão dos eventos que acontecerão até 2016.

De qualquer modo o que temos que fazer nestes "dias velozes" é avaliar a qualidade das atividades com que nos temos ocupados no tempo e, sobretudo, darmos maior lugar aos relacionamentos. E neste quesito, priorizarmos não tanto a quantidade deles, mas desenvolvermos a capacidade de relacionarmo-nos melhor e mais profundamente com uma quantidade mais restrita de pessoas a partir de nossa própria família.

É imprescindível, sobretudo, que demos mais lugar a Deus, no silêncio de nossa devoção particular e de fazermos de nossos encontros um momento de culto e comunhão verdadeiros.

Além disso, não deixe mais um ano acabar sem construir ou fazer algo de relevante, tanto para a sua vida, sua família, quanto para o Reino de Deus. Invista sua vida e tudo o que você possui em projetos que possam contribuir para todos e que também possam trazer frutos para o seu futuro. Não desperdice o precioso tempo que Deus te dá, mas também lembre que o ócio deve ter o seu lugar em nossa vida. Descanse!

Então, um Feliz e abençoado 2010. Que seja um ano surpreendentemente diferente e generoso para todos nós.

Que o Senhor seja gracioso para conosco e nos abençoe!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Um Deus solidário

Nestes tempos difíceis, quando as celebrações perdem seu significado por causa de nossa superficialidade e também do mercado que transforma tudo em mercadoria o Natal, celebrado em todo o mundo, tem perdido sua razão de ser.

Natal, hoje, tornou-se sinônimo de presentes (consumo), muita comida, bebida e, na melhor das hipóteses, encontro e confraternização familiar.

Nas igrejas a data causa diferentes reações e há até mesmo aquelas que nem mais a celebram, por ser, segundo alegam, uma festa de origem pagã, incorporado pelo cristianimo (romano) em seus primórdios. Já os governos esperam com grande expectativa esta época, pois por ela avaliam a quantas anda o apetite do consumidor e fazem projeções para o ano vindouro.

Entretanto, para a Igreja o Natal celebra o Deus solidário que "amou o mundo de tal maneira que entregou seu filho unigênito". Para nós Natal é Jesus, Deus encarnado, solidário no drama da existência humana que veio para nos apontar e ser o próprio caminho que nos conduz à vida.

Natal é tempo para anunciarmos que não estamos sozinhos neste vasto universo, mas que temos um criador que não somente nos fez, mas que desceu do céu para ser um de nós, para ser Emanuel - Deus conosco!

Feliz Natal

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Ética, moral e teologia

Nos meios acadêmicos cristãos-evangélicos em nosso país, tais como seminários e faculdades teológicas, podemos constatar que a Bíblia perdeu seu valor normativo. Ela já não é mais a Palavra Inspirada de Deus, mas um livro de literatura escrito com intenções teológicas, que deve ser interpretado à luz de nossa época, sem levar em consideração a tradição da igreja ao longo de sua história.

Entretanto, percebo com pesar, que tais percepções não são fruto de um pensar teológico reverente, realizado a partir da própria Bíblia e sob a sincera oração diante da presença de Deus. Ao contrário, a relativização das verdades bíblicas está intrinsecamente ligada a qualidade de vida que nossos pastores e teólogos estão vivendo.

Quero dizer com isso que a adesão ao liberalismo teológico em nosso país está intimamente ligado às concessões éticas e morais em nosso meio, quando não, à vaidade de ser aceito nos ambientes acadêmicos onde ser "inteligente" é ser contestador, irreverente e absolutamente relativista.

Dividida entre estes e os mágicos-manipuladores-neopentecostais não sei onde nossa igreja brasileira irá dar, mas pessoalmente, não vejo um futuro muito promissor para nós, a não ser que voltemos a amar a Bíblia, ao Senhor, a Sua Igreja e por ela também nos entreguemos, tal como Cristo a si mesmo se deu por ela.

O Rio precisa de concerto!

É isso mesmo: "concerto"! E quando digo "concerto", estou pensando em duas acepções da palavra. A primeira a que nos remete a um certo tipo de cultura julgada "refinada". Trata-se de eventos culturais que nos enlevam e encantam, provocando sentimentos de deslumbramento diante do belo. Neste sentido o Rio de Janeiro precisa da promoção de eventos culturais mais elevados, que enriqueçam a vida do carioca e que promovam a melhoria de sua autoimagem e autoestima.

Naturalmente, muitos discordarão de mim, mas é senso comum, acredito, que existem determinados eventos culturais em nossa cidade que promovem o que eu chamo de "cultura de morte", pois incentivam o consumo de drogas, consentidas e proibidas, e geram, não poucas vezes, um nível de violência que nos preocupa e intimida. Os bailes funks, dentre outros, são um dos muitos exemplos que poderíamos citar.

O outro modo em que emprego a palavra "concerto" é no sentido de mostrar a necessidade de um pacto, uma aliança, entre os governos federal, estadual e municipal e destes com instituições representativas da sociedade civil, tais como organizações não governamentais e religiosas.

Aliás, este é um excepcional momento para, juntos, trabalharmos por um Rio diferente, livre desta degradação tão grande a que nossa cidade chegou e, até mesmo, de estabelecermos um modelo de mobilização para outras cidades do Brasil e talvez até do mundo.

Sem dúvida, esta volta por cima terá que ter como base a educação. É necessário ocupar espaços preciosos, mas ociosos, como a maioria de nossas igrejas, a fim de promover educação integral à nossas crianças, aulas de reforço escolar, musicalização, alfabetização de adultos, palestras sobre saúde, atividades para a terceira idade, enfim, todo tipo de atividade que possa enriquecer e capacitar a vida de nossa população.

"Juntos somos melhores" e podemos mudar nossa história.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Continue...

“Cada segundo de vida me feria. (...) Eu pensava que quando nos sentimos pior, lágrimas jorrassem, mas a pior dor possível é a dor da violação total que chega depois das lágrimas já terem se exaurido” (...) Essa é a presença da depressão grave. (Andrew Solomon em “Demônio do Meio Dia” - Uma Anatomia da Depressão)

Assim o goleiro alemão entra para estatística, onde 15% dos deprimidos adotam o suicídio como a porta de saída.

Hoje pode ser um dia difícil, depois de uma noite ainda muito pior. O sabor do fracasso chega ao paladar, travestido de um amargor que nos faz tremer. As vozes internas dizem: você não pode continuar, desista de tudo, da família, dos filhos, dos sonhos, de lutar, a sua dor é grande. O poeta pergunta: O que fazer?

Não desista! “Esperei com paciência pela ajuda de Deus, o Senhor. Ele me escutou e ouviu meu pedido de socorro” (Sl 40.1 NTLH). Se você quiser gritar, grite! Se não houver voz, silencie. Tão somente, mais uma vez digo não desista.

Elias e Jó foram homens como nós, foram confrontados duramente pela angústia, mas não perderam a fé.

Viva a fé, viva a vida. Abençoado dia para você.

Edison Bezerra

Pastor na PIB Angra

www.reflexoesparahoje.com.br

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Sinais de uma igreja saudável.

Antes de tudo é necessário esclarecer que quando me refiro à "igreja saudável" não estou fazendo marketing de nenhum método de administração e crescimento de igreja. Digo isso porque, frequentemente, tenho recebido convites e propagandas sobre congressos de "igrejas saudáveis". Considero isso, por si só, uma contradição e sinal de que estas não são igrejas saudáveis, pois não me parece humilde se autoproclamar saudável, dando a entender que outras não o são, somente porque não abraçaram tais métodos. Isso é tão arrogante, pretencioso e antibíblico quanto à afirmação católico-romana de que "fora da igreja (de Roma) não há salvação". Portanto, as "igrejas saudáveis" são mais uma mostra de que nossa igreja está doente.

Por outro lado, quando penso em igreja saudável não me refiro à uma igreja sem problemas. Igreja sem problemas é a Triunfante (a que está no céu), a nossa, Militante, terá que conviver, até o final, com as idiossincrasias de nossa natureza ambivalente, portanto, com nossas virturdes e defeitos, acertos e erros.

Igreja saudável, para mim, é aquela que encontramos no início do Livro dos Atos dos Apóstolos (no Novo Testamento, Bíblia. Em razão do analfabetismo bíblico em nossos tempos, infelizmente, precisamos fazer todas estas citações). Nos capítulos 2.42-47 e também 4.32-35 temos a descrição de como viviam aqueles que aderiam à mensagem dos apóstolos. Ali está o modelo de uma igreja saudável! E isso não é utopia, pois foi possível naquele tempo e em muitas partes do mundo algumas comunidades cristãs tem revivido aquela realidade ao longo da história da igreja, inclusive em nosso tempo.

O que caracterizava a comunidade de Jerusalém como uma comunidade saudável era, portanto: 1) A permanência no ensino dos apóstolos - aqui estamos pensando em Pedro, Tiago, João, etc. É bom dizer isso porque em nossos tempos temos visto muitas "igrejas apostólicas" que pregam um evangelho diferente daquele dos apóstolos bíblicos, neo-testamentários; 2) Integração - era uma igreja que integrava e caminhava em comunhão, observando, juntos, os preceitos da celebração da Ceia do Senhor e da prática da oração comunitária; 3) Temor - havia um senso muito grande naqueles irmãos da presença de Deus. Isto fazia com que andassem em santidade de vida. Talvez o que mais tem contribuído para a decadência de nossas igrejas, seja a falta de temor à Deus; 4) Manifestações do Poder de Deus - eu não tenho nenhum problema em crer que quando a igreja vive neste ambiente exposto em Atos, o poder Deus para curar, revelar o oculto, punir os dissimulados, etc., irá se manifestar "naturalmente" e isso de maneira muito objetiva. Isso que vemos na televisão, de modo geral, é manipulação barata dos ouvintes. É psicologia de massa associada as técnicas da neurolinguística baixa e não manifestação do poder de Deus; 5) Unidade e solidariedade - aqueles irmãos possuíam um grande senso de corpo, de integridade. Entendiam que o problema de um era o problema de todos, por esta razão, procuravam suprir uns aos outros em suas necessidades. A igreja não estava procurando transformar o mundo, mas sim a vida daqueles que chegavam, que se integravam à comunidade. Por esta razão ela serviu de modelo e caía na graça do povo que a observava de fora. Que gente atraente e interessante! Assim eram percebidos pelos de fora.

Esse, para mim, é o modelo que temos que perseguir. Infelizmente, nossos valores, hoje, são de outra natureza. Queremos ser uma igreja que cresce, talvez uma mega igreja, rica, com programa na televisão e com cd gravado ao vivo. Entretanto, como está a qualidade da vida de nossa igreja, internamente? A imagem que mostramos para os outros é extremamente maquiada, mas se alguém vier nos conhecer de perto, que impressão terá de nós? Será que temos revelado a graça de Jesus como corpo?

Como pastor de uma comunidade local meu desejo não é salvar o mundo e nem mesmo a vizinhança ao redor, mas é o de tornar minha comunidade sinal de salvação para os perdidos, para todos os que estão em busca de sentido para suas vidas. Meu desejo não é ter uma igreja grande, mas uma grande igreja, tal como a dos Atos, que revele no seu viver que o Senhor está, verdadeiramente, entre nós.

Esta é uma igreja saudável!

Que nisso o Senhor nos ajude!

Pr. Marco Antonio Monteiro Wanderley

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Uma parábola sobre as igrejas.

Numa perigosa costa, onde naufrágios são frequentes, havia, certa vez, um tosco, pequeno posto de salvamento. O prédio não passava de uma cabana, e havia um só barco salva-vidas. Mesmo assim, os membros, poucos e dedicados, mantinham uma vigilância constante sobre o mar e, sem pensar em si mesmos, saíam dia e noite, procurando incansavelmente pelos perdidos. Muitas vidas foram salvas por esse maravilhoso pequeno posto, de modo que acabou ficando famoso. Algumas das pessoas que haviam sido salvas, além de várias outras residentes nos arredores, queriam associar-se ao posto e contribuir com seu tempo, dinheiro e esforço para manter o trabalho de salvamento. Novos barcos foram comprados e novas tripulações treinadas. O pequeno posto de salvamento cresceu.

Alguns membros do posto de salvamento estavam descontentes com o fato de o prédio ser tão tosco e tão parcamente equipado. Achavam que um lugar mais confortável deveria servir de primeiro refúgio aos náufragos salvos. Assim, substituíram as macas por camas e puseram uma mobília melhor no prédio, que foi aumentado. Agora, o posto de salvamento tornou-se um popular lugar de reunião para seus membros. Deram-lhe uma bela decoração e o mobiliaram com requinte, pois o usavam como uma espécie de clube. Agora, era menor o número de membros ainda interessados em sair ao mar em missões de salvamento. Assim, tripulações de barcos salva-vidas foram contratadas para fazer esse trabalho. O motivo predominante da decoração do clube ainda era o salvamento de vidas, e havia um barco salva-vidas litúrgico na sala em que eram celebradas as cerimônias de admissão ao clube. Por essa época, um grande navio naufragou ao largo da costa, e as tripulações contratadas trouxeram barcadas de pessoas com frio, molhadas e semi-afogadas. Elas estavam sujas e doentes, e algumas delas eram de pele preta ou amarela. O belo e novo clube estava um caos. Por isso, o comitê responsável pela propriedade imediatamente mandou construir um banheiro do lado de fora do clube, onde as vítimas de náufragos pudessem se limpar antes de entrar.

Na reunião seguinte, houve uma cisão entre os membros do clube. A maioria dos membros queria suspender as atividades de salvamento por serem desagradáveis e atrapalharem a vida social normal do clube. Alguns membros insistiram em que o salvamento de vidas era seu propósito primário e chamaram a atenção para o fato de que eles ainda eram chamados de “posto de salvamento”. Mas por fim estes membros foram derrotados na votação. Foi-lhes dito que, se queriam salvar as vidas de todos os vários tipos de pessoas que naufragassem naquelas águas, eles poderiam iniciar seu próprio posto de salvamento mais abaixo naquela mesma costa. E foi o que fizeram.

Com o passar dos anos, o novo posto de salvamento passou pelas mesmas transformações ocorridas no antigo. Acabou tornando-se um clube, e mais um posto de salvamento foi fundado. A história continuou a repetir-se, de modo que, quando se visita aquela costa hoje em dia, encontram-se vários clubes exclusivos ao longo da praia. Naufrágios são frequentes naquelas águas, mas a maioria das pessoas morre afogada!

Originalmente, essa parábola apareceu num artigo de Theodore O. Wedel, “Evangelism – The Mission of the Church to Those Outside Her Life” (Evangelismo – a missão da igreja para os que são de fora), em The Ecumenical Review, out. 1953, p. 24.

Esta é uma paráfrase do original, feita por Richard Wheatcroft, em Letter to the Laymen (Carta aos leigos), maio-jun. 1962, p.1.

Citado por Howard J. Clinebell, em Aconselhamento Pastoral – modelo centrado em libertação e crescimento, 1987, pp. 13-14.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Vinte anos da Queda do Muro de Berlim: evangélicos foram decisivos.


Vinte anos da Queda do Muro de Berlim: reuniões de oração em igreja evangélica foram decisivas

"Estávamos preparados para tudo. Mas não para velas e orações". A declaração foi dada pelo membro do Comitê Central da Alemanha Oriental (RDA), Horst Sindermann, pouco antes de sua morte, e referia-se à derrubada do Muro de Berlim, em 9 de novembro de 1989. As reuniões de oração de uma igreja evangélica (protestante, de fato!) foram decisivas para a mobilização popular que derrubou aquela estrutura de concreto que separava o mundo. Hoje, 20 anos depois, a celebração inclui o convite à continuidade das orações, feito através da página da igreja na internet. Na Igreja de São Nicolau, os pastores destacam a necessidade de orar pelo ser humano como um todo, inserido no seu contexto social. Eles dizem: "Os nossos cultos de oração de paz continuarão! Trataremos com problemas de hoje - o apoio ao desempregado e esforços para integrar estrangeiros na nossa cidade - como tratamos com problemas no passado. As nossas intercessões e o nosso compromisso são tão necessários hoje como no pa
ssado, especialmente para as áreas críticas do mundo onde as novas guerras e os conflitos estouram constantemente".

No Brasil, talvez levados por um noticiário da mídia nacional que subestima tais fatos que exaltam a postura de uma igreja protestante num acontecimento tão importante mundialmente, os evangélicos perdem a oportunidade de espalhar esse testemunho para outras pessoas e, assim, atrair mais gente ao convívio cristão.

Na Alemanha, a igreja celebra e tem o reconhecimento da sociedade. E relembram que, além das orações, a palavra do Evangelho fez grande impacto até na vida daqueles que estavam ali para perseguir e reprimir o povo. Durante as reuniões semanais de orações pela paz que levaram o povo a derrubar o muro, com repercussões mundiais até o dia de hoje, as palavras de Jesus eram enfatizadas. Como conta o pastor da igreja, Reverendo C. Führer:

"Eu sempre apreciava que os membros da polícia secreta estavam ouvindo as bem-aventuranças bíblicas do Sermão do Monte cada segunda-feira. Onde mais eles ouviriam isso? Assim, muita gente e os membros infiltrados do governo ouviram o Evangelho de Jesus Cristo que eles não conheciam, em uma igreja onde eles não podiam fazer nada. Eles receberam as boas-novas de Jesus que disse: "abençoado são os pobres!" E não: só gente rica é feliz. Jesus disse: "ame os seus inimigos!" E não: Abaixo com o seu oponente. Jesus disse: "muitos que agora são primeiros, serão últimos!" E não: Tudo ficará sempre o mesmo. Jesus disse: "quem salvar a sua vida, a perderá; e seja quem for que perder a sua vida por amor de mim, a encontrará!" E não: Tome grande cuidado. Jesus disse: "você é o sal!" E não: Você é a nata."

As orações da paz começaram o processo que levou o povo a derrubar o muro de Berlim. Deus estava nisso! Comente isso ainda hoje com seu colega de trabalho, escola, vizinho, familiar. Flores enfeitavam a igreja de dia e velas chamavam a atenção à noite. O povo, mesmo os não-cristãos, se achegavam esperançosos e confiantes. A igreja orava. A mobilização espontânea confundia a repressão.

"O espírito de Jesus da não-violência agarrou as massas e tornou-se um poder material, pacífico. As tropas e a polícia retiraram-se. O partido e a ditadura ideológica caíram. Como diz a Bíblia: "Ele destrona os poderosos e entroniza os débeis"; "Você terá sucesso, não pelo poder militar ou pela sua própria força, mas pelo meu espírito, diz o Senhor". É o que experimentamos. Houve milhares nas igrejas. Centenas de milhares nas ruas em volta do centro da cidade. Mas nem uma janela de loja foi despedaçada. Isto foi a experiência incrível do poder da não-violência", relada o reverendo da Igreja de São Nicolau. O líder da Alemanha Oriental Sindermann não soube como reagir a velas e orações.

Lenildo Medeiros
www.soma.org.br

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Procura-se uma Igreja!

Caro pr. Marco,

Recebi um pedido de orientação de um amigo meu e irmão nosso em Cristo, o João, que estou com certa dificuldade em responder e, por isso, conto com seu apoio na tentativa de fazer o melhor.

João gostaria de participar de uma instituição religiosa onde o púlpito fosse usado para proclamar boas novas de arrependimento, transformação, vida eterna e paz ao invés de reclamar de Deus os nossos “direitos” de vitória e prosperidade.

Uma instituição religiosa em que os pastores e líderes atuam predominantemente no pastoreio do rebanho em detrimento da gestão de projetos, e não o contrário.

Onde os cultos sejam muito mais significativos e transformadores do que apenas belos espetáculos culturais. Sejam tão significativos que os jovens compreendam que cantar e tocar instrumentos musicais são apenas meios para a adoração e não a atividade fim.

Que tenha uma Escola Bíblica formadora de discípulos participativos, pensantes, que se relacionam cada vez mais e melhor com Deus e com o próximo.

Onde a palavra comunhão expressa relacionamentos verdadeiros e significativos entre os irmãos, muito além das tradicionais atividades esportivas e sociais.

Esta instituição religiosa que João procura, certamente deve ser transformadora da realidade social da comunidade onde está inserida, pois ensina esta comunidade a “pescar e vender o seu peixe”, enquanto a evangeliza.

Por falar em evangelismo, este deve estar centrado na Palavra de Deus e na dependência do Espírito Santo e não em um método infalível.

Enfim, João procura uma instituição religiosa que possa suprir as necessidades do Corpo de Cristo, a Igreja, para desempenhar a sua missão, o IDE, ao invés de consumir todas as forças deste Corpo com atividades sociais, culturais e burocráticas com pouco ou nenhum vínculo com a Verdade, leia-se, Jesus.

Ao tomar conhecimento destes requisitos, caro Marco, fiquei meditando se realmente existe alguma instituição assim deste lado da eternidade, uma vez que nós, pecadores que somos, é que as organizamos e administramos. Tendo a afirmar que não.

Por outro lado, li em algum lugar que apesar de ser impossível alcançar a perfeição deste lado da eternidade, podemos nos alegrar, pois temos condições de perseguir esta perfeição. Basta esvaziarmo-nos de nós mesmos e enchermo-nos do Espírito Santo de Deus, colocando-nos em sua total dependência.

Se souberes de alguma instituição religiosa com características pelo menos similares a estas me avise, para eu informar ao João.

Fique na Paz!

Abraços,

Nelson Singer

P.S.: O João é um personagem fictício, mas representativo do anseio de muitos de nós, cristãos.

Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sois meus discípulos; e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. Jo 8.31,32

sábado, 10 de outubro de 2009

Embora improvável, talvez Deus realmente não exista!

Embora improvável, talvez Deus realmente não exista e todo o edifício teológico que construímos tenha sido um exercício para diminuir, inconscientemente, nossa angústia existencial.

Embora improvável, talvez Deus realmente não exista e a fé que tão fortemente nos abraçou e da qual ficamos enamorados não passe de uma grande e doce ilusão.

Embora improvável, talvez Deus realmente não exista e toda a beleza e ternura que sentimos, emanadas da gloriosa natureza que nos cerca, não passe de um sentimento poético que ocorre diante do inefável e do belo, fruto de nossa insignificância quando confrontados pelo mistério.

Embora improvável, talvez Deus realmente não exista e tudo o que experimentamos em momentos de oração e leitura das Escrituras, de meditação e silêncio, nada mais seja do que fruto de nossa necessidade de segurança e sentido ou de reações e estímulos cerebrais, pura e simplesmente.

Embora improvável, talvez Deus realmente não exista e também não existe o amor verdadeiro, gratuito, incondicional, destituído de todo desejo de reciprocidade e verdadeiramente altruísta.

Embora improvável, talvez Deus realmente não exista e nossa própria existência não passe de um pesadelo, fruto da diarréia inestética de um acaso cego e infeliz.

Embora improvável, talvez Deus realmente não exista...

O mundo será, realmente, muçulmano?

(Foto retirada em Belém - Israel, por ocasião de minha viagem em 2007 àquele país. Em primeiro plano, vista de fundos da Basílica da Natividade. Ao fundo uma mesquita localizada do outro lado da praça, em frente à Basílica). O fio que, acidentalmente, estava estendido e que causa um efeito de separação entre as duas torres, interpretei-o como a impossibilidade de conciliação entre as duas religiões, com todo o discurso de tolerância e convívio da atualidade, especialmente em ambientes cristãos ocidentais).


Tenho ouvído de muitos que o mundo será muçulmano daqui a algumas décadas. Documentários e textos sobre o tema se multiplicam na internet e em revistas evangélicas de informação. Pergunto-me, entretanto, se tais projeções não seriam fruto de uma visão missionária zelosa, mas que usa de certa retórica "terrorista" com o intuito de reacender a chama evangelizadora de nossas igrejas e, assim, arrecadar mais recursos nas campanhas de missões, ou mesmo de um equívoco na leitura dos sinais dos tempos. Digo isso, porque, creio, não estamos levando outros dados em consideração.

Por exemplo: é fato conhecido que em países tradicionalmente muçulmanos a secularização (indiferença para com os temas religiosos) está crescendo, assim como nos países historicamente cristãos. O desinteresse pela religião em algumas nações islâmicas já é tão evidente (especialmente entre os jovens) quanto ao que se percebe no Ocidente em relação ao cristianismo. Esse fato eu pude constatar in loco.

Um outro dado que talvez não tem sido levado em consideração é a crescente resistência, antipatia e até mesmo, hostilidade, contra as religiões.

Todos temos ouvido falar das campanhas antirreligiosas, promovidas por entidades de ateus militantes. Tais movimentos, que começaram na "Protestante" Inglaterra, já se propagam por outros países. Em consequência, ou juntamente com isso, aumenta o apelo e pressão contra os usos de símbolos religiosos em lugares públicos.

Diante deste quadro, creio que o grupo que mais crescerá nestas próximas décadas será o dos indiferentes e contra as religiões tradicionais, especialmente as monoteístas (Judaísmo, Cristianismo e Islamismo). Naturalmente, outro tipo de religiosidade ocupará o seu lugar, já que o homem é um ser religioso por natureza. Esta será difusa e muitas divindades poderão ser adoradas. Poderá ser, ainda, que um sistema político-religioso-humanista de âmbito mundial se instale e exija obediência plena aos seus propósitos ou que o supremo governador deste admirável mundo novo seja divinizado e adorado.

Para mim, portanto, este é o quadro que está se configurando para um futuro não muito distante de nós.

Quem viver... verá!


quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Fui à Universal e sofrí!

Apesar de seu slogan "Pare de sofrer", pressupondo que lá você pode encontrar alívio para todos os seus problemas, fui hoje (07.10) à uma Igreja Universal do Reino de Deus e saí de lá depressivo. Fui com alunos do seminário onde dou aulas e, perplexos, pudemos constatar alguns dos artifícios mais nefastos que esta empresa religiosa utiliza para arrecadar dinheiro do povo a fim de continuar crescendo e enriquecendo a seus líderes.

Sofrí com a imagem de Deus alí apresentada - um Deus encurralado, obrigado a satisfazer as necessidades dos que são fiéis e que "lançam a semente". Definitivamente, adoram à outra divindade, não a da Bíblia.

Sofrí com a figura do pastor - um homem que perdeu sua identidade para assumir a do chefe, pois falava, gesticulava, andava e pregava como o patrão, o Papa Macedo. Saído da produção em série, cujo padrão é o bispo, berrava palavras de exortação ao público e de intimidação à Deus.

Sofrí com o sermão - na verdade não houve sermão, mas sim um discurso de vendas, manipulador, misturado com uma leitura bíblica (do Antigo Testamento, para variar) neurolinguística da pior qualidade e confissão positiva, a fim de convencer o seu público a consumir a mercadoria que estava sendo oferecida.

Sofrí pelo povo - boa parte dele formada por gente ingênua e crédula que não sabe discernir a mão direita da esqueda e que, por falta de entendimento, "corre para a sua destruição" (cf. Os 4.14). Outros, porém, não tão ingênuos assim, buscam soluções mágicas para levá-los ao sucesso fácil e rápido. Estão dispostos a pagar, contanto que a bênção venha à galope. Estes tornam-se semelhantes àqueles que adoram (cf. Sl 115.8). Estão perdidos!

Sofrí por tanto sincretismo - era uma noite de campanha: a do copo e a da flor. O copo de água mineral aludia ao texto lido (Gn 26). Depois da consagração no domingo, a água deverá ser bebida ou aspergida sobre a casa, escritório ou sobre alguém querido. A flor, entregue à quem a desejasse, assim como o copo, deveria ser levada para casa para absorver todo o mal na família e trazida no próximo domingo para ser queimada sobre o altar. Senti-me na Idade Média!

Naturalmente, nada do que vi e escutei me surpreendeu. O fato de não ouvir uma só palavra, sequer, sobre Jesus (a não ser no encerramento da oração) e de constatar que eles ainda não descobriram a Nova Aliança, não me escandalizou.

Apesar do slogan "Jesus Cristo é o Senhor" (em letras douradas, claro!), Este está longe de ter vez no púlpito daquele negócio que me recuso a chamar de "Igreja".

Na verdade, esta instituição é uma empresa, gerida empresarialmente. Como tal, visa o lucro e o sucesso. A divindade lá adorada e invocada é o Mamon e nenhum outro mais reina naquele recinto.

Lamentavelmente, a Universal fez e continua fazendo escola em nosso país. Até mesmo comunidades dentro das chamadas igrejas históricas tem reproduzido seus hábitos e teologia. Seu grande sucesso seduz à muitos, infelizmente.

Até quando, Senhor?!

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Evento é vento


Ao longo do tempo confundiu-se o dom pastoral com a função da gestão eclesiástica e muitos pastores acabam tendo de investir tempo nisso, pouco sobrando para o cuidado das vidas.

Há poucos dias um aluno comentou que sua igreja era movida a eventos e que falou com seu pastor que evento é como vento, vem e some. Isso me acendeu uma forte preocupação e acabou dando título a este artigo.

Ao longo destas mais de três décadas de ministério tenho percebido que muitas igrejas acabam mesmo sendo movidas por eventos. Aliás, até que não é difícil gerenciar (não seria pastorear) uma igreja assim, dou a dica para você: basta fazer uma reunião antes de findar o ano com todos os líderes da igreja, elaborar um calendário repleto de atividades semana após semana. A você caberá cobrar antecipadamente ao responsável que tome providências para que a atividade programada seja cumprida. Seja rigoroso. Tire fotos, faça relatórios, coloque tudo no site da igreja e mostre que o “circo” está em movimento. Se alguém ficar doente no meio do caminho é só falar que a pessoa tem de dar um jeito e se sacrificar para o “reino” pois o show não pode parar.

Um dado curioso é que, em geral, as denominações históricas no Brasil foram organizadas por missionários norte-americanos. Vamos lembrar que uma das ideologias impulsoras da cultura norte-americana é o pragmatismo, que focaliza a ação, a utilidade. Creio que temos aqui as raízes históricas que podem ter nos induzido a reduzir o Cristianismo a atividades eclesiásticas, de modo que ser cristão significa simples e meramente trabalhar na igreja. Isso pode ter passado para as outras denominações que surgiram ao longo da história da igreja no Brasil.

Nesse sentido o pastor da igreja passa a ser gerente de calendário em vez de pastorear, cuidar do rebanho. O afeto, tão caro ao espírito do pastoreio, é substituído pelo poder, pelo comando, de modo que quando o pastor está chegando perto de alguém logo se pode pensar “Lá vem sermão (sinônimo para bronca”)!

Será preciso recuperar o lado relacional, convivencial, terapêutico, piedoso e amigo do pastoreio. Infelizmente ao longo do tempo confundiu-se o dom pastoral com a função da gestão eclesiástica e muitos pastores acabam tendo de investir tempo nisso, pouco sobrando para o cuidado das vidas e não apenas da utilidade de cada ovelha para o trabalho eclesiástico.

Igreja é muito mais do que evento, é uma comunidade terapêutica, provedora de acolhimento, de comunhão, compartilhamento, de socorro, de serviço, de testemunho, de aprendizagem, de disciplina também. É um ambiente fértil para o desenvolvimento da vida em adoração e glorificação a Deus. O resto é vento.

Lourenço Stelio Rega
é teologo, educador e escritor.

Fonte: ECLESIA/http://pastorchicco.wordpress.com/2009/08/22/evento-e-vento/

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

O crente pós-moderno

Reproduzo, aqui, o texto de um amigo sugerindo que eu escrevesse algo sobre o assunto abordado. Entretanto, preferi reproduzir o seu texto já que concordo com sua percepção do crente de nossos dias. O texto está sendo postado da forma como ele o enviou.inclusive com os destaques.
Obrigado, Marcos.


Marco


Uma coisa que venho pensando ultimamente, e que você quem sabe poderia escrever algo a respeito. Veio-me à mente o velho hino já não muito cantado:


Quero ser um vaso de bênção, sim um vaso de bênção dos céus...

...Para ser um vaso de bênção, é mister uma vida leal

Uma vida de fé e pureza, revestida do amor divinal.

Faze-me vaso de bênçãos, Senhor, vaso que leve a mensagem de amor

Eis-me submisso, pra Teu serviço

Tudo consagro-te agora, Senhor.


Quero ser...

Faze-me...

Eis-me submisso...

Necessário uma vida leal... de fé e pureza


O tema se situa na diferença entre o desejo pessoal do crente do passado e o desejo pessoal da multidão de crentes do presente.


Antes, os poucos crentes procuravam se desligar das coisas materiais deste mundo, tendo a consciência de que o lar permanente seria o Céu. Isso era muito "martelado" nas nossas cabeças pelos pastores, e tínhamos a consciência clara de que, para ser crente, só se fosse desta forma - era pegar ou largar!


Hoje vemos um grande número de crentes, extremamente arraigados e edificados no mundo presente, estabelecendo solidamente, o tanto quanto seus esforços lhes permitirem, o máximo de fundamentos neste mundo; diariamente ansiando preocupadamente por buscar as riquezas e os benefícios do mundo, baseados em promessas bíblicas deturpadas, tais como "devo ser rico como Abraão"; "não terei doença como o povo de Israel", "devo ser cabeça e não cauda".


Dizem que a "prosperidade", é uma "evolução" do entendimento da vida Cristã - uma nova visão -, mas note que uma verdadeira evolução da fé em direção a Deus necessariamente estiaria vinculada em um apego ainda maior e Ele, ao reino espiritual, e com um inevitável desapego cada vez mais crescente pelas coisas terrenas. Mas, pergunto, é isso o que vemos? Por causa disso, em minha opinião, o "crente" que desenvolveu esta doutrina não era nem um pouco espiritual, mas sim material e carnal. Ele amava o mundo e às suas riquezas, e procurou diligentemente conciliar este amor terreno com a sua fé cambaleante. Pendeu assim mais para o lado da sua inclinação maior, e, uma vez tendo encontrado solo fértil entre os crentes pós-modernos, temos como resultado tudo isso o que vemos por aí - o interesse geral e indiscutível pelas riquezas e o bom viver. O foco da vida Cristã parece ser este: "Sirvo a Deus, porque tenho a garantia de bênçãos nesta vida e na vida vindoura; mas esforço-me, esmurro-me e desgasto-me mais para esta vida do que para aquela".


Antes, os poucos crentes desde cedo ouviam sobre a necessidade de uma vida de fé e pureza. Isso também era "martelado" e eu pessoalmente algumas vezes vivia em conflito por não poder alcançar aquilo que tinha consciência ser essencial para uma vida de relacionamento com Deus.

Hoje, o grande número de crentes demonstra pouca preocupação com esses assuntos, ou seja, vivem de forma mundana com os mesmos hábitos dos ímpios, com a única diferença de que vão regularmente à igreja, na maioria das vezes com a intenção última de manter aberto o seu canal de bênçãos com o Deus que deve lhes prover as riquezas e o bom viver.


Antes havia a consciência de que devemos ser instrumentos para o Reino de Deus, e agora procedem como instrumentos para a implementação dos seu seu próprio reino pessoal, que se traduz em viver uma vida deleitosa neste mundo.


Enfim, os anseios espirituais foram trocados pelos anseios materiais, a visão espiritual ampla sendo cada vez mais substituída pela visão terrena míope, e isso é incentivados por muitas mensagens pastorais, pois é o tipo de mensagem que dá Ibope.


Existem os que se irritam quando ouvem os que se lamuriam de que "ontem era assim, e hoje é assado", mas qualquer um que tenha vivido as duas etapas - o passado e presente da vida Cristã - consegue ver claramente a pobreza de motivação de uma grande maioria dos crentes que abarrotam as igrejas.


Abraço


Marcos Simas Iozzi Dias